19 de Abril 2009
Como só fiquei dia e meio, parece-me importante referir que foi bom ter fugido rápido. É um país que pode ficar caro... Basta sermos enganados. E isso é bem fácil. Por todo lado somos invadidos por vendedores, crianças, motoristas, pessoas que oferecem casa... A certa altura a expressão "No, thank you" ganha imensa força no meu dia.
«Uou, uou, uou... O que é que se passa aqui?» - pensei atónito!
Antes de fechar o capítulo Angkor, especial referência a uma conversa brilhante. Por vezes pensamos como deve ser fascinante falar com alguém famoso. E de como é bom conversar com pessoas especialmente inteligentes... Mas o episódio que vou contar não cabia no meu imaginário. O certo é que aconteceu.
O que dizer de um rapazito Cambodjiano, aí com os seus oito / nove anos e que mete conversa comigo acerca de alguma História do... Reino Unido?
De aspecto pobre, cheio de rasgões e nódoas negras... O pequeno intelectual dos templos de Angkor Wat! O objectivo dele era só um e fácil de topar: ganhar dinheiro à custa da conversa. Foi no cimo de um daqueles templos que falei com ele. Fugiu da mãe que rezava e começou por perguntar de onde eu era.
Nada sabia de Portugal, mas foi rápido a dizer imensas coisas sobre o Reino Unido. Sabia a capital. Sabia que Londres tem cerca de 10 milhões de habitantes. Disse o nome completo da Rainha, registando o nome dos seus filhos: "Queen Elisabeth the 2nd", mãe de Charles, Edward e...
«Uou, uou, uou... O que é que se passa aqui?» - pensei atónito!
Mas a criança não se ficou: falou dos países que compõem a Commonwealth, quem era o primeiro ministro e por aí fora... Foram 5 minutos dignos de filme. Parte de mim não queria acreditar no que ouvia. Estava a ter uma lição de História de um meia leca malandro!
Perguntei ao miúdo se ele sabia alguma coisa do país dele. Recebi um pronto e claro "No, sir!". Disparei uma outra pergunta - quem te ensinou isto tudo? A resposta dele: "a minha professora". Se foi ou não a professora, não posso adivinhar. Mas o miúdo provou que merecia um dólar. E assim o estendi.
Passado uns minutos, ele regressa. Com grande lata vira-se e diz: "do you have any coins?". Ataquei prontamente a resposta com outra pergunta: "diz-me para quê?". Ele inteligentemente responde - "I collect coins, Sir"... E foi assim que lhe dei todas as moedas de euro que tinham sobrado da Europa. Perdi completamente a guerra.
Perguntei ao miúdo se ele sabia alguma coisa do país dele. Recebi um pronto e claro "No, sir!". Disparei uma outra pergunta - quem te ensinou isto tudo? A resposta dele: "a minha professora". Se foi ou não a professora, não posso adivinhar. Mas o miúdo provou que merecia um dólar. E assim o estendi.
Passado uns minutos, ele regressa. Com grande lata vira-se e diz: "do you have any coins?". Ataquei prontamente a resposta com outra pergunta: "diz-me para quê?". Ele inteligentemente responde - "I collect coins, Sir"... E foi assim que lhe dei todas as moedas de euro que tinham sobrado da Europa. Perdi completamente a guerra.
Aquela criança ganhou o meu respeito e admiração. E o momento entrou directamente para o meu Best of Asia. No fim, um pensamento: é impressionante o que as crianças aprendem para sobreviver.
O pôr do sol chegava. Estava na altura de voltar ao hotel. Amanhã bem cedo apanharia o avião para a Malásia...
Rodrigo Ferrão
Sem comentários:
Enviar um comentário