segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um dia D com cheiro a goiaba


Nesta noite em que (ainda mais que noutras) esperamos o macabro, e que as abóboras iluminem o negrume de um futuro que se diz frio e magro, regresso da minha ausência impelida a transformar, também aqui, este 'doomsday' numa festa lusófona.

Há cento e nove anos, nascia Carlos Drummond de Andrade.
No Brasil, hoje, tenta-se que esta seja uma data de comemoração nacional, equiparável à Irlandesa celebração de Joyce.
Há muitos anos atrás, parece que ele adivinhou que ausentar-se não era, afinal, partir de vez.

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"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."

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