segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Há crise nos livros?

Gasta-se tinta atrás de tinta com a crise dos livros e das livrarias. Os mais catastróficos já o enterraram. Apontam datas e sabem perfeitamente o dia em que os livros vão acabar... Pelo menos em papel.

Há estudos que revelam que se leu menos este ano devido à crise. Mas impõe-se uma reflexão: então os portugueses já não lêem pouco?

Tenho imensa pena quando vejo desaparecer do mercado mais uma editora ou acompanho - sempre por fontes não oficiais - as dificuldades de algumas.

Mas o desaparecimento e a concentração de grupos editoriais não explicam os dados desta notícia:

Avança o jornal Público: "Num país onde se editam 55 livros por dia (este número refere-se ao ano passado), compramos mais livros em Julho, para ler nas férias, e durante o período que antecede o Natal. Em Outubro, também há um pico de compra de material de apoio escolar (dicionários, gramáticas, etc)."

Acrescenta: "No primeiro semestre de 2011 os portugueses compraram menos livros do que no mesmo período de 2010. A descida no consumo foi de 3%..."


O que pergunto é: alguém me explica a crise? Parece-me estranho que um país com 10 milhões de habitantes e onde existe (infelizmente) uma enorme taxa de analfabetismo, um país onde a maioria da população só lê o jornal desportivo ou a revista e não compra um único livro por ano; haja tanta gente a falar da crise dos livros e de vendas...

Estranho é, talvez, que se editem 55 livros por dia! Se tivéssemos dez vezes mais pessoas e mais uns milhões de leitores (não daqueles que carregam o livro até à praia, mas dos verdadeiros); então sim acho que se justificava. Mas assim... por favor!

Podem perfeitamente dizer-me que os livros são caros. São, é verdade. Comparados com os outros países, são muito caros. Mas não está na altura de procurarmos bons livros a preços acessíveis? Há tantos e tantos nas livrarias. E de grande qualidade! Mas nem quero seguir muito o caminho dos preços. Porque sei que os verdadeiros amantes das letras podem ser capazes de sacrificar muitas outras coisas só para acrescentarem mais um exemplar às suas vidas.

Talvez a crise não esteja do lado das vendas de livros... Mas na quantidade dos que se editam. Acham mesmo que este valor se ajusta à nossa realidade? Muitos destes livros não serão apenas lixo comercial? Não valerá a pena parar para pensar nisto?

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