Foste tu que me explicaste, terna e lentamente para eu entender de uma
vez por todas que não podemos saber tudo sobre todas as coisas. Que vamos
aprendendo aos poucos, sem pressas, que são as ideias e as coisas, até as
pessoas, que nos encontram sem que tenhamos de as buscar onde não sabemos encontrá-las.
Há que saborear o tempo com lentidão, sem atropelos desnecessários. Foi contigo
que aprendi a domar a sofreguidão obsessiva com a busca do conhecimento que sempre
sonhei dominar em absoluto e que quase me levou à loucura. Como se fosse
realmente possível o domínio de qualquer absoluto que seja. Ansioso por
aprender tanto, podia ter passado anos a desperdiçar os dias em vão e, quando
finalmente me sentiste preparado para fazer boa figura com tanta bagagem
intelectual, já teria esgotado o meu crédito de vida. Desligava-se a ficha e
apagava-se a memória. E nada. Foi boa ideia teres mostrado tanto empenho em
acalmar esta busca furiosa que me consumia sem que que me apercebesse da
devassa. Acordei a tempo de aprender a dormir mais descansado. Foste tu que me
explicaste.
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