a vida é mais ou menos uma balança sem pratos, não pende e nem tem percepção do peso que carrega. a vida é curta como um rio que corre por dentro da terra e não se vê a olho nu porque nossos pés estão secos. a vida é uma casca de ovo a embalagem onde nada se compara ou se pode comparar de notável perfeição. a vida hoje, um dia após o outro, o roupão pendurado na porta do quarto e um corpo de alguém que não precisa de vestes. poderia eu ser a vida na tua vida para a vida minha ter mais vida, mas não percebemos nada disso. por isso, bebemos e rimos de bobagens e somos felizes por um segundo. se eu fosse poeta, eu me levaria mais a sério.
penélope martins -
* fotografia, curta metragem Meshes of the Afternoon, Maya Deren e Alexander Hammid, 1943.