sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

in As velas ardem até ao fim

Cruza os braços no peito e fala com a impassibilidade e a indiferença com que descreveria as circunstâncias de um acidente na esquadra da polícia.

- Eu estava em frente do piano e olhava para as orquídeas – diz depois. – Essa casa era como o disfarce de uma pessoa. Ou talvez o uniforme fosse o disfarce para ti? És o único a poder dar resposta a isso, e agora como já tudo passou, deste a resposta com a tua vida. Afinal, uma pessoa sempre responde com a sua vida inteira às perguntas mais importantes. Não importa o que diz entretanto, com que palavras e argumentos se defende. No fim, no fim de tudo, com os factos da sua vida responde às perguntas que o mundo lhe dirigiu com tanta insistência. Essas perguntas são as seguintes: Quem és tu?... Que querias realmente?... Que sabias realmente?... A que foste fiel ou infiel?... A quê ou a quem mostraste ser corajoso ou cobarde?... São essas as perguntas. E uma pessoa responde como pode, duma maneira sincera ou mentindo; mas isso não tem grande importância. O importante é que no fim, uma pessoa responde com toda a sua vida.


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