"Tudo começa quando me convidam para ver um parto. Uma mulher que praticamente não conheço deixa-me vê-la a deitar ao mundo
a sua segunda filha. Todos deveríamos ver partos, penso eu. Quero escrever um artigo sobre o assunto. Quero derrubar esses falsos mitos do nascimento asséptico com uma mãe lindíssima a pegar num bebé redondo e perfeito ao colo. Tenho trinta e um anos. Nunca pari e não sei se o quero fazer, ainda assim quero vê-lo. Nasci
no sistema capitalista. Quero ter tudo, ver tudo, viver tudo. Não posso
perder nada."
in As Meninas-Prodígio, Sabina Urraca. Publicado na colecção Confluências, da Kalandraka Editora Portugal