Move-te. Desperta.
Há homens à tua procura.
Há uma mulher, que sou eu.
A Terra mora na Via-Láctea
Eu moro à beira de estradas
Não sou pequena nem alta
Sou muito pálida
Porque muito caminhei
Nas escurezas, no vício
De perseguir uns falares
teus indícios.
Move-te. Tua aliança com os homens
Teu atar-se comigo
Tem muito de quebra e dessemelhança.
Muitos de nós agonizam.
A Terra toda. Há de ser quase
Brinquedo adivinhares
Onde reside o pó, onde reside o medo.
Não te demores.
Eu tenho nome: Poeira.
Move-te se te queres vivo.
- Hilda Hilst
da obra Poemas Malditos, Gozosos e Devotos
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