foto: Clara Amorim
Obrigado Rodrigo pela honra de dar a conhecer a magia do seu
livro.
Obrigado a todos e todas pela presença aqui, para juntos
festejarmos este nascimento, que se torna público e que vem pedir também a
todos e a cada um, que vão folhear esta preciosidade, para que o façam com a
sensibilidade e a inteligência que a mesma merece.
Escrevi três tópicos que vou de uma forma leve deixar “transpirar”: O Rodrigo, o livro e a
poesia.
Desde menino que conheço o Rodrigo. Loiro, bonito, de sorriso
fácil e de coração imenso.
Tenho bem presente na minha memória afectiva, as visitas que
ele fazia a casa da minha mãe, ou quando, em festas de família, ele parecia já
flutuar nos seus pensamentos muito próprios, mas a leitura que a minha mãe fazia dele, resumia-se a um olhar
de deslumbramento que verbalizava assim: - este pequeno parece um príncipe!
Pois, depois e de uma forma subtil, foi crescendo rei das
letras, dos livros e do sentir, tornando-os companheiros inseparáveis da sua
vida.
Deixou que príncipes e princesas preenchessem o seu
imaginário literário. Deixou que lágrimas e pequenos monstros ensombrassem o
que a sua vida lhe sussurrava, mas também deixou entrar risos e sorrisos muito
mais que cristalinos. E viajou, trazendo as viagens dentro de si.
E, com a poesia lado a lado, o poema fez-se livro como uma
música ou um grito.
Queria dizer-lhes que este, não é um qualquer livro de
poesia. A poesia não tem regras, e por isso tem esse nome, mas está
essencialmente na alma que pomos em cada letra que escrevemos e que saboreamos
na lentidão do tempo e na ausência do espaço.
Este livro, que hoje e aqui na nossa cidade é apresentado, é a
vida no seu pulsar de memórias, do Avô Vitorino como figura inspiradora e que
tão bem ilustra a capa, numa essência e existência muito presentes. É a saudade das ausências, é
a alegria que só o amor nos traz, mas também a dor que lhe é subjacente. É a
eterna dicotomia entre a vida e a morte. É a vida concreta do hospital, dos
olhares, da solidão pesada mas também da
partilha, das casas, do tempo, esse Khronos que nos domina, das esperas
“bordadas” de esperança e das surpresas que nos dão a magia e a luz única das
crianças, dos abraços e dos gestos de que a afectividade é feita e se deixa
perdurar, e também do pensamento e das interrogações que subjazem ao filósofo
que continuamente se questiona perante a realidade e que o faz interpelar o
mundo.
Gostei desta página e cito o que o Rodrigo escreve: aprendi
com a vida que o amor não é mais do que geometria, prisma de várias e múltiplas
pessoas idênticas e raramente paralelas entre si - fim de citação.
E que mais nos traz este livro?
Leva-nos aos esconderijos do nosso eu, mas também às certezas
e ao concreto da vida: as árvores, ao longe e o perto, aos pontos sem retorno,
às separações e aos encontros, aos dias claros e escuros, ao tempo, e ao TUDO.
Mesmo TUDO.
É sobre este tudo que também é feito de pormenores que
parecem pequenos nadas, e que fazem a vida e as pessoas, que o Rodrigo nos
brinda através do seu livro. Eu diria, uma pérola, para quem a quiser descobrir
e depois voar.
Convém deixar um espaço para o silêncio, de preferência com
doçura e ternura, para deixar-se levar pelas emoções que vivem no nosso eu mais
profundo, onde somos inteiros, plenos, verdadeiros, sensíveis quanto baste. E é
também nesta certeza acalentada de sermos capazes de deixar que os nossos olhos
se encham de brilho. É o que lhes vai acontecer à medida que vão folheando e
percorrendo este itinerário literário que sendo do Rodrigo é também nosso.
Obrigado Rodrigo. Até sempre num aqui e num agora.
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*O Rodrigo em mim, texto de Maria José Ferrão lido na apresentação do livro «Todos os tempos verbais», nas Galerias Lumière, Porto, no passado sábado, dia 28 de Novembro
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