Andei com este livro alguns anos, li-o em três actos, densamente e com calma. Mas custou-me deixar Bjartur de Casas de Verão, o herói islandês que tantos sorrisos me tirou.
Laxness, mestre na arte de emprestar magia aos seus livros, conta a história de um homem duro, rude e trabalhador, aparentemente distante e de sentimentos sólidos e indestrutíveis.
A história do início do século, fala-nos de uma Islândia de agricultores pobres. E Bjartur, homem independente, resiste como pode, sozinho, sobrevivendo a duas das suas mulheres e à perda de filhos. Casas de Verão, lugar idílico isolado do mundo, assiste a um amor mais que supremo do agricultor pelas suas ovelhas.
O homem critica os que desistem e fogem para a América, assiste à grande guerra nos países lá fora, à entrada do capitalismo num país pobre, de um sistema bancário e político que empresta dinheiro em condições enganosas, acabando por sugar o pouco que existe.
Ele resiste. Ele luta. Ele mantém-se fiel aos seus princípios. Um homem independente, contra tudo e todos.
No meio de uma história eloquente, vamos sendo levados pelas tradições islandesas, pelas crenças num diabo à solta, pela poesia. Laxness vai enchendo-nos de imagens poderosas, metáforas e descrições de arrebatar.
É assim que se faz um dos livros desta vida. Sorte que a minha vontade decidiu abrir estas páginas.
*Rodrigo Ferrão, in: https://www.goodreads.com/review/show/1385659292
Eis um dos livros da minha vida, curiosamente li-o no início da crise do último resgate e marcou-me fortemente a descrição da resistência do protagonista ao crédito bancário para se manter independente.
ResponderEliminarUm livro com momentos muito duros, onde o herói também é casmurro mas muitas vezes cheio de razão. Um obra-prima cheia de solidão, poesia, tristeza e também vitórias da razão.