domingo, 2 de agosto de 2015

O mundo mágico de Daniel Maia-Pinto Rodrigues

O Brilho dos Teus Olhos

I
Decerto que já te falei da contemporaneidade
e mesmo do brilho dos teus olhos. 

 Hoje talvez estivesse mais inclinado
exactamente
a falar do brilho dos teus olhos

na vulgar distância
entre o teu queixo e os teus seios
no traço oscilante e perfumado das clavículas
na claridade envergonhada das omoplatas.

II

Da contemporaneidade tu já sabes o que penso
agora talvez comesse qualquer coisa. 

Perdão, querida, tens anchovas no armário?
yes!? com alcaparra... it's wonderful!
vinho, meu amor vinho pelas gargantas de veludo.

III

Não adormeças logo agora
que eu estava mais fluente e disposto
a falar-te, ainda que de novo, na contemporaneidade

ou não adormeça eu
logo agora
que o teu cabelo se encosta
à suavidade da almofada
animando o amor do Donald e da Daisy
que, entretanto, já transpuseram
a barreira lisa do pano e do desenho
e se encaminham já para o quarto ao lado.

*Daniel Maia-Pinto Rodrigues, in O Valete do Sétimo Naipe 

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