Onde nada se faz com pressa
os dias são de sol e sopa de tomate,
(que cozinhar também é arte!),
as searas ondulam entre o verde e o amarelo,
as sombras são feitas do verde escuro de azinheiras e oliveiras,
e as sestas, ou os sonhos, de cardos, papoilas, esteva, trigo e pouco joio.
Onde nada se faz com pressa
há canto de pássaros a acordar as manhãs de madrugada,
sinfonias crepusculares de cigarras,
e na boca dos homens um cante arcaico
em lento andamento a embalar a lavoura dos dias,
o pastoreio do ócio.
Onde nada se faz com pressa
faz-se um gin sem Adão nem Eva mas pecado puro,
um gin com a presença singular de uma singular maçã,
Bravo-de-Esmolfe a macerar com zimbro,
sementes de coentros, citrinos, lúcia-lima,
quase a dançar depois da alegria da espera no lento destilar.
Onde nada se faz com pressa
ou simplesmente no Alentejo.
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