Chamam-me velho,
como se
a velhice fosse defeito.
Sou
velho de facto,
preciso
de óculos
para ler
jornais
mas não
para ler poesia,
e já não
dispenso chapéu,
borsalino de feltro nos dias de frio,
complementi Don Giuseppe!,
panamá de palha nas tardes de hipódromo.
Quando
de fato,
botões de punho de um tio-avô, obviamente aviador,
camisa
branca e a surpresa de um gerânio encarnado na lapela.
Pois é,
sou velho e antiquado como uma garrafa de champanhe,
assim
que a cada sorvo exijo cerimónia,
fato de
gala, fraque, vestido de lantejoulas,
música
de orquestra,
que comme
il faut sei valsar a vienense, a inglesa e o foxtrot,
vontade
de dançar até o alvorecer
e absoluta
sede de viver.
Raquel Serejo Martins
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