quinta-feira, 23 de julho de 2015

Gonçalo Viana de Sousa - O Flâneur das Sensações



Meu caro José

Escrevo-lhe umas linhas breves, pois acredito que o tempo aí pelas maravilhosas terras do Tâmega e do Douro seja bem necessário para assuntos graves e belos.
Um pequeno poema ou esboço disso e umas poucas palavras.
Abraços do Efraim, com saudades e sequiosos de verde branco refrescante.
Um abraço, sempre sequioso, deste
Seu

Gonçalo V. de Sousa.


O céu encobrirá as hostes
Do cavaleiro de azul,
O escolhido da tormenta.

E ele virá sob um manto escarlate,
Com as insígnias de seu pai e da sua casa.
O seu cavalo será branco como a neve
Das montanhas a norte do reino.

Ela estará tecendo, pacientemente.
Tecendo, pacientemente.
Tecendo, pacientemente.

Haverá uma fortaleza inexpugnável,
Haverá uma ponte insegura,
Haverá um dragão mítico.

Haverá mil e uma cantigas para esta aventura.

Ele cavalgando corajosamente.
Os seus longos cabelos castanhos
Parecem o acabamento da crina
Do real animal que cavalga com a fúria de mil histórias.

A sua espada é faiscante e terrível,
Brilhante e afiada.
A sua armadura é leve e fina,
O seu elmo brilhante.

O dragão, enorme, negro e cuspidor de fogo,
De nome Tog, o Terrível,
Guarda a fortaleza abandonada, a torre
Onde se encontra a princesa dos cabelos dourados,
Tecendo pacientemente.
Tecendo pacientemente.

O cavaleiro avista o dragão.
O seu cavalo relincha,
Fazendo uma monumental acrobacia com as patas dianteiras.
O dragão cospe fogo, violentamente.
O cavaleiro defende-se com o seu escudo
Prateado.
O dragão investe sobre o cavaleiro dos cabelos castanhos.
O Céu é negro e nebuloso.
Os olhos do dragão são da cor do fogo.

O cavaleiro sucumbe aos dentes invernais de Tog.
A sua fama prevalece intacta.
O cavaleiro jaz estraçalhado ao meio.
O cavalo foge. O dragão sobrevoa a fortaleza em ruínas e a
Donzela, loira, elegante, bela,
Tece, impávida.
Tece, pacientemente.



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