segunda-feira, 15 de junho de 2015

Morrer é mais difícil do que parece - o texto de Paulo Varela Gomes

Tenho um cancro de grau IV. De cada vez que abro o teclado do computador na intenção de escrever, ocorre-me a frase, já mil vezes repetida, “Quando estiverem a ler estas linhas, é provável que o autor já não esteja vivo”.

São incontáveis os artigos, livros, documentários e filmes sobre pessoas que morrem de cancro. Nunca vi nenhum porque não aguento o stress mas ouvi dizer que alguns são eficientes e fazem os espectadores chorar muito. Não vou escrever aqui um artigo desse género, primeiro, porque não sou capaz, e em segundo lugar porque a história da minha doença e daquilo que tenho feito para lidar com ela tem algumas características muito peculiares que podem interessar a todo o género de pessoas que se preocupam com a vida e a morte e que pensaram com seriedade no tema deste número da Granta: “Falhar melhor”.

Tudo começou quando acordei uma manhã com um inchaço do tamanho de uma amêndoa no lado esquerdo do pescoço. Iludido por uma espécie de incredulidade optimista, pensei que se tratava do resultado de uma infecção nos dentes ou na garganta. Desenganou-me um médico especialista dessas áreas com quem fui falar alguns dias depois: “O senhor tem uma massa na garganta. É melhor ir ver isso rapidamente.” Estava muito grave e sossegado, ele. Percebi depois que nunca lhe tinha passado pela cabeça que alguém não soubesse o que quer dizer “massa” em termos orgânicos. Esta foi a única consulta médica a que a Patrícia, minha mulher e minha “curadoura”, não me acompanhou. Estava a ajudar a Rita a podar as videiras da Vinha Comprida. Quando lhe telefonei a transmitir a seca mensagem do médico, percebeu tudo e diz-me que ficou imenso tempo a olhar lá para o longe, para o pinhal sobre a várzea, com as lágrimas a correr-lhe pela cara.

Quarenta e oito horas depois fiz a obrigatória TAC cervical. Despi-me sem preocupações, coloquei aquela bata ridícula dos hospitais que faz qualquer pessoa parecer que sofre ininterruptamente dos intestinos, deitei-me na máquina. No fundo, esperava boas notícias: não tarda, iriam informar-me de que se tratava de uma chatice menor. Estivemos depois hora e meia debaixo da luz verde escura, crepuscular, da sala de espera. Quando o radiologista veio falar connosco, acabou nesse preciso instante a vida que levávamos juntos há mais de duas décadas. O radiologista tinha a expressão macambúzia de quem apresenta os pêsames a uma família enlutada: cancro na otofaringe com tumor na cadeia linfática cervical posterior e metástases no pulmão. Não operável. Tratamentos em doses muito altas de quimio e radioterapia para, daí a dois a quatro meses, deixar de poder comer ou respirar.

Decidimos que nunca me submeteria aos tratamentos da medicina oncológica, às suas armas: as clássicas (cirurgia), as químicas (drogas) e as nucleares (radioterapia). Estas armas destroem as defesas próprias do organismo e aceleram frequentemente a sua degradação. Já vi suficientes doentes de cancro entregues nas mãos da oncologia para tremer de horror ao pensar que poderia suceder-me o mesmo.

Quando voltámos para casa, não houve uma lágrima, um gesto de desespero, um queixume. Falámos muito pouco. As estradas por onde passávamos tantas vezes pareciam agora ter uma realidade inverosímil, como se fossem pinturas de paisagem antiga. Fazia calor e a luz era branca.

Durou vários dias seguidos, este silêncio emocional. As palavras que trocámos em casa foram reduzidas ao mínimo. Uma consulta com um médico do IPO confirmou tudo o que estava no relatório do radiologista. Mais tarde, algumas instituições com nomes que tilintam como lingotes de ouro vieram dizer-nos o mesmo: não havia nada que valesse a pena fazer.

Essas opiniões não nos importaram, porém. Numa estranha frieza, só quisemos saber o que faríamos para acabar com a minha vida quando essa altura chegasse. A Patrícia jurou que não me impediria de morrer, e até me ajudaria se fosse necessário. Como disse Plotia ao poeta em A Morte de Virgílio de Hermann Broch: “A morte fecha-se a quem está só, o conhecimento da morte apenas se desvenda à união de dois seres.”

Sucede que estes acontecimentos já me parecem um pouco perdidos no nevoeiro do tempo. Passaram mais de mil dias desde a tarde abafada de 23 de Maio de 2012, quando fiz a TAC, até à nebulosa e fresca tarde de Primavera em que estou aqui a escrever isto. Dois anos e onze meses.

Não sei se nesta evolução, que não tem cessado de nos surpreender e a quem nos conhece, podemos adivinhar a lenta condensação de um milagre. Sei que há muita gente a rezar por mim e é com alegria que agradeço a todos.

Mas sei também que tenho recorrido a muitas medidas práticas para evitar a sorte ditada pelos oncologistas.

A primeira foi fazer-me acompanhar, desde algumas semanas depois da TAC, por um médico homeopático (os médicos encartados não acham graça nenhuma a que se chame médico a um homeopata, mas tenham santa paciência). Sob sua orientação comecei por mudar radicalmente de regime alimentar. Em vez de comer produtos tóxicos como faz a maior parte das pessoas, passei a alimentar-se com produtos que ajudam o meu sistema imunitário e alguns que combatem o cancro activamente. Além disso, o médico foi prescrevendo suplementos alimentares e medicamentos homeopáticos.

Devo à homeopatia a qualidade dos mais de mil dias de vida que levo de vantagem sobre os médicos oncologistas. Duas ou três semanas depois de começar a terapia já começava a duvidar de alguma vez ter tido cancro. Imaginem: um canceroso em estado grave, que pouco tempo antes estava arrasado de cansaço e pessimismo, foi à praia! Confesso que tive medo de entrar na água, eu que vivi junto ao mar e mergulhei nas suas ondas vezes incontáveis. Só no segundo dia consegui decidir-me, e foi tão grande a felicidade experimentada no corpo que percebi que a Idade do Gelo em que tínhamos vivido desde o diagnóstico tinha dado lugar a uma Primavera, incerta e frágil, é verdade, cheia de dias de nuvens, mas tempo de viver e não de morrer.

As semanas correram e fomos passear a Toledo, a Burgos, a Viseu. Participei em conferências, orientei alunos, fiz todos os dias companhia à minha mulher e aos nossos seis cães, andei com a minha neta aos saltos sobre os charcos de água da chuva. As minhas análises foram durante muito tempo boas, e o meu aspecto muito diferente da maioria dos desgraçados que frequenta os campos de morte da oncologia. Além disso, como os leitores e leitoras saberão, escrevi e publiquei três romances, uma colectânea de colunas escritas para jornais, e finalizei mais um romance e um livro de contos.

Todavia, não houve um único dia em que não tenha pensado na morte. Nem um. Ao princípio não receei mas também não compreendi essa Senhora de Negro e, portanto, ofereci-lhe de bandeja as inúmeras oportunidades que, demoníaca, busca dentro de nós para nos fazer a vida num inferno ou para nos levar. É verdade que a vontade de viver teve desde sempre mais poder sobre mim do que a desistência perante a morte ou a ida ao seu encontro – já não estaria aqui se assim não fora. Mas vida e morte estão por vezes demasiado próximas e o conflito entre elas que tem lugar no meu espírito é muito antigo e muito complexo. Sou acompanhado por psicanalistas há muito tempo. Aquele com quem trabalho desde há alguns anos, e que é uma das peças-chave do puzzle da minha não-morte, recebeu como uma pancada a notícia do meu diagnóstico e, depois de uma breve conversa entrecortada de angústia e silêncio, lembro-me de lhe ter dito com um ar quase triunfante: “Nem sempre se pode ganhar, doutor…”

Quem é que estava a falar assim pela minha boca? Quem é que experimentava em mim essa estranha alegria raivosa que emergira quando soube que tinha um cancro e que este era incurável? Que força psíquica queria que eu morresse, que as pessoas tivessem misericórdia de mim, se recordassem, me admirassem? Que parte de mim, velha e zangada, se aproveitava assim deste meu narcisismo para me arrastar para a morte?

A vida é muito menos cheia de prosápia do que a morte. É uma espécie de maré pacífica, um grande e largo rio. Na vida é sempre manhã e está um tempo esplêndido. Ao contrário da morte, o amor, que é o outro nome da vida, não me deixa morrer às primeiras: obriga-me a pensar nas pessoas, nos animais e nas plantas de quem gosto e que vou abandonar. Quando a vida manda mais em mim do que a morte, amo os que me amam, e cresce de repente no meu coração a maré da vida. Cada lágrima que me escorre por vezes pela cara ao adormecer, cada aperto de angústia na garganta que sinto quando acordo de manhã e me lembro de que tenho cancro, cada assomo de tristeza que me obriga a sentar-me por vezes à beira do caminho quando vou passear com os cães e interrompe a oração ou a conversa com o céu que me embalava o espírito, cada um destes sinais provém do falhanço momentâneo do amor dos outros em amparar-me, e sobretudo do meu em permitir-lhes que me acompanhem.

Quando, pelo contrário, decorre um dia em que consigo escrever e gosto daquilo que escrevo, em que me curvo sobre os canteiros para cortar ervas daninhas, em que admiro amorosamente a energia da Patrícia sentada ao computador ou a trazer lenha para casa, quando isto sucede, o meu tempo já não é o Tempo Comum mas antes um longo domingo de Páscoa: sinto a presença amorosa de todos os que precisam de mim e d’Aquele de quem eu preciso.

O médico homeopata nunca me prometeu um milagre, e a minha saúde começou a piorar em Janeiro de 2014, cerca de um ano e meio depois do diagnóstico oncológico. Pouca coisa, ao princípio: algumas dores no pescoço, na cabeça e na garganta, mais cansaço, problemas intestinais. Pouco a pouco, desapareceram ou tornaram-se-me impossíveis, um por um, todos os prazeres físicos de cujo timbre e tom já quase me esqueci: o sexo, beber um copo de vinho tinto antes do jantar, fazer uma viagem com mais de duas ou três horas, o gosto da comida sólida a percorrer-me o interior da garganta com os seus variados sabores e texturas, uma corrida com os miúdos ou os cães.

Houve semanas piores, outras melhores, mas o tumor do meu pescoço foi crescendo, rebentou como um pequeno vulcão de pus, e ficou pouco a pouco com um aspecto tão abominável que deixei de aguentar ser eu a mudar o penso todas as manhãs. O terrível panorama estragava-me o dia e a melancólica e repugnante tarefa de cuidar do tumor ficou adstrita à Patrícia, que sabe fazer tudo e não tem nojo de nada. Mais tarde, alternando com ela, começaram a vir regularmente a minha casa as enfermeiras dos serviços continuados de saúde.

E, de repente, ia morrendo: uma grande hemorragia despertou-me a meio de uma noite de Julho de 2014, encharcado no sangue que brotava de uma veia que o tumor do meu pescoço pôs a descoberto e enfraqueceu. Desmaiei imediatamente e a Patrícia, não conseguindo ao princípio acordar-me, pensou que tudo estava acabado.

Ganhei depois, com lentidão e a custo, uma relativa saúde. Passei dias inteiros deitado. Depois, devagarinho, melhorei. Uma nova hemorragia, em Dezembro, embora não tenha atingido a violência da anterior, obrigou-me a considerar uma transfusão de sangue que fiz num hospital que estava, como quase todos nessa época, mergulhado num tal caos que passei um dia simultaneamente divertido e ofendido a observar a desordem que grassava à minha volta.

As duas perdas de sangue fizeram pender a balança para o lado da minha morte interior: regressei à melancolia com que me sentava à sua cabeceira conversando com ela nas duríssimas semanas do Verão de 2012 que se seguiram ao veredicto do cancro. Como é que vou morrer? Exactamente como?, perguntava-lhe.

Não me referia à chamada morte natural, que nunca me tinha ocorrido desde o primeiro dia da doença. Falava da morte infligida por mim próprio.

Entretanto, porém, o cristianismo, que estava quase esquecido desde o meu baptismo, irrompeu pela minha vida através da palavra de um Padre que é outra peça-chave do puzzle, mas desta vez, e ao invés do psicanalista, do puzzle do meu encontro feliz com a morte.

O suicídio é uma ofensa frontal à vontade de Deus que quer que a morte de cada cristão seja a sua disponibilidade para de se entregar à Cruz no momento em que Cristo quiser e da maneira que Ele decidir. Mas eu e a Patrícia tínhamos jurado que eu morrerei aqui, em minha casa, e que nada me fará embarcar no carnaval de luzes da ambulância para ir morrer a um hospital. Esse juramento mantém-se.

Tomámos esta decisão mal tínhamos saído do parque de estacionamento da clínica onde fiz a TAC e ouvi o diagnóstico. No meu espírito doente, a morte celebrava jubilosamente a vitória desse momento e era-me tão impossível controlar ou combater este sentimento como invocar a luz da esperança, encolhida num canto de mim como um miúdo paralisado de terror. Enquanto regressávamos a casa, eu pensava na dificuldade e nos riscos envolvidos no modo como morreu o meu irmão, pensava no salto de uma ponte, pensava na agonia do veneno, na ignorância sobre medicamentos letais, mas sobretudo no facto de que todos estes caminhos da morte ainda concedem ao suicida o tempo suficiente para se arrepender, precisamente aquilo que eu não queria na altura, mergulhado num tumulto mental que julgava mais voluntário e corajoso do que de facto era.

Experimentei por vezes os movimentos da dramatização da minha morte, uma espécie de novela sem invenção e sem vida cujo maior óbice era o de saber se, na altura definitiva, teria a certeza absoluta de não haver outra solução. Conseguiria deitar fora como se fossem trocos sem valor os restos de vida que continuam a cintilar dentro de mim? E se me enganasse? Se não fossem meros desperdícios? Se valessem mais do que a escuridão silenciosa do túmulo onde vou apodrecer?

Aquando da segunda hemorragia, cheguei-me muito próximo de encontrar uma resposta sem alternativa a estas questões. Depois de fechar os cães e de me despedir brevemente da Patrícia, sufocada de pavor e lágrimas, ajoelhada no chão sem conseguir olhar para mim, saí de casa transportando a arma e uma cadeira de plástico onde me sentar com a coronha da arma apoiada no solo. Quase não tinha forças e tremiam-me as pernas. A minha camisa estava empapada em sangue e, tendo passado a mão pela cara e os óculos, vi as árvores, os arbustos, a casa das ferramentas e do tractor, a encosta, a vinha, através de um nevoeiro vermelho. A decisão com que, apesar da fraqueza física, andei sem hesitar algumas dezenas de passos, surpreendeu-me a mim mesmo. Pronto, ia morrer. Aspirei o cheiro intenso, quase ridente, de uma hortelã-pimenta que nascera ao pé do pinheiro grande sem que, até então, alguém tivesse dado por ela. Coloquei a cadeira junto a uns troncos cortados, sentei-me e, já com os canos da arma na boca, o dedo aflorou o gatilho. Senti o metal como uma coisa sem qualidade, cálida, mortiça, dócil. Tudo me pareceu vagamente ridículo, o meu gesto, os objectos de que me rodeara. Veio até mim mais uma vez o cheiro da hortelã. Ergui os olhos que tinha fixados na guarda do gatilho e vi um pinhal que o sol, através de uma abertura nas nuvens, isolava, dourado, do verde-escuro da encosta. Ocorreu-me de repente uma vaga de alegria inexplicável, como se fosse um sinal da presença de Deus à semelhança daqueles que os textos sagrados referem por vezes. Cheguei à mais simples conclusão do mundo: estava vivo e, enquanto assim estivesse, não estava morto. Fiquei verdadeiramente contente, a vida a fervilhar em todas as veias, mesmo as estragadas. Pousei a arma no chão e regressei a casa. Não olhei para trás, para a cadeira branca e a arma, que ficaram ali completamente indiferentes à minha sorte. Ao abrir a porta, a Patrícia, sem conseguir dominar a torrente de lágrimas que lhe corria pelo rosto, caiu-me nos braços. Ficámos muito tempo agarrados um ao outro, quase imóveis, como se fôssemos o tronco de uma grande árvore.

Não há muito mais a contar. A saúde vai piorando pé ante pé.

Deixei para trás a ideia de suicídio por uma razão muito simples que levou demasiado tempo a descobrir. Ei-la nas palavras que Mateus atribui a Cristo (Mt 10, 39), palavras que iluminaram como um relâmpago – e finalmente resolveram no meu coração – a maneira hesitante como lidei com o sofrimento nestes mais de mil dias:

“Aquele que conservar a vida para si, há-de perdê-la; aquele que perder a sua vida por causa de mim, há-de salvá-la”.

S. Domingos, Podentes, 10 de Abril de 2015
Paulo Varela Gomes,
revista GRANTA - n.º5

foto tirada daqui

62 comentários:

  1. Grande texto, grande Homem, grande Mulher. Deus não o deixará nunca, em qualquer dos seus caminhos. A única ajuda certa. Pelo menos para mim e para nós, os católicos.

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  2. Sónia Rafaela Salgueiro17 de junho de 2015 às 11:14

    Só um ser humano de exceção poderia ter escrito este Hino à Vida e não posso deixar de me sentir abençoada por ter tido o privilégio de o ter como um daqueles Professores cujos ensinamentos se não podem conter em manuais, compêndios ou salas de aulas. Obrigada Professor Paulo Varela Gomes!

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  3. Li o texto e ficam as palavras embrulhadas nas emoções marterizando-me a garganta. Força! Eu tenho uma amiga, neste momento com um problema de cancer ( outro tipo de cancer mas muito avançado) . Foi descoberto tarde. E cada um de nos? Sabemos lá! Acredito que somos muitos mais do que este pedaço de carne tão frágil!

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  4. Lindo e edificante texto. Nos faz refletir e chegar à verdadeira conclusão: "Não há morte em nenhum ponto do Universo". Todos vivem sempre e o corpo físico nada mais representa do que uma veste do espírito imortal, ou melhor , um instrumento para que ele possa trabalhar e promover a sua evolução, aproximando-se cada vez mais do Criador. Deus é contigo, continua tua trajetória aqui ou mais além, quando for o momento de seguir adiante. Paz e Luz ao teu caminho!

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  5. Grande Texto. Queria que pudesse acontecer um milagre que lhe permitisse ter mais tempo para viver com a Patrícia e escrever. Obrigada pela partilha aqui.

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  6. Emocianante e bonito texto. Bem haja e que Deus o acompanhe

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  7. Tocou-me! Fez-me pensar. Não tenho, neste momento, que eu saiba, um problema idêntico. Mas conheço quem tem ou já teve. Se algum dia eu estiver numa situação limite, quero ter presente este texto, este exemplo de Vida!
    Bem-haja!
    Maria Teresa Carvalho

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  8. Miúda, recém chegada às lides do "professorado" ... lembro-me de seguir, com o fascínio da descoberta de novos mundos, as tuas intervenções incisivas e pragmáticas nas RGPs, lá pelos anos 80/82 para os lados dos Olivais! Passaste e impressionaste um momento da minha vida! Atrevo-me a afirmar que nenhum momento da tua pode considerar-se desperdício...! Obrigada Paulo Varela Gomes

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  9. Miúda, recém chegada às lides do "professorado" ... lembro-me de seguir, com o fascínio da descoberta de novos mundos, as tuas intervenções incisivas e pragmáticas nas RGPs, lá pelos anos 80/82 para os lados dos Olivais! Passaste e impressionaste um momento da minha vida! Atrevo-me a afirmar que nenhum momento da tua pode considerar-se desperdício...! Obrigada Paulo Varela Gomes

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  10. O suicídio é uma ofensa frontal à vontade de Deus que quer que a morte de cada cristão seja a sua disponibilidade para de se entregar , escreveu Paulo Varela Gomes. Ora, com esta, Deus é que me ofendeu a mim, porque em princípio, disponibilizando-me eu para me entregar, via tiro nas têmporas, isto é uma ofensa fontal ã vontade de DEUS e eu quero morrer á minha vontade, daqui para a frente a qualquer hora, sem dor nem sofrimento. Sofrer para morrer, NÃO...

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  11. Uma ode à vida magistral. De facto, a vida é amor. Não conheço a sua obra, mas, pela forma como se exprime, irei lê-la.
    Muita força e coragem. Obrigada pelas suas palavras. Bem haja!

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  12. Uma ode à vida magistral. De facto, a vida é amor. Não conheço a sua obra, mas, pela forma como se exprime, irei lê-la.
    Muita força e coragem. Obrigada pelas suas palavras. Bem haja!

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  13. Lembro-me de si na Soc. de Geografia no lançamento da tradução de Vitrúvio por M. Justino Maciel. Tenho aqui várias notas que tirei - foi em 4.06.2006. Lembro-me um dia no MNAA, no lançamento da Murphy, em que lhe quis contar «umas histórias», ter apoio...
    Mas lembro sobretudo na Av. Costa Pinto, à roda da Casa da Horta da Quinta de Sta. Clara; do que me escreveu num email sobre as obras da CM Cascais, que estragou a casa...
    Lembro principalmente do tom de saudade/afecto e ternura com que falou dos seus avós - o tio Joaquim, a avó Maria da Luz (porque será que há quem ainda se lhes refira desta maneira, como se não tivessem sido marido e mulher?)
    PVG lembre-se que vai ficar na memória de muitos que contactou; que conheceu, que sensibilizou de diferentes maneiras. Os programas sobre a Índia, fabulosos, e que, frequentemente, estão repletos de olhares de ternura.
    Sabe/teve que saber muitas vezes que a vida pode ser profundamente injusta; a sua é exemplo dessas dificuldades e das voltas que com trabalho - e sobretudo inteligência - se lhe conseguem dar (mesmo quando tudo pareceria desabar)...
    Só a sua inteligência, dom imenso que Deus lhe deu - e que o tornou sensível a ponto de entender tudo isto que sente e escreve - essa parte de si, foi uma dádiva: sua que espalhou/reflectiu como luz. Cheios de sorte os que a recebemos. Obrigada GAC

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    1. Eu respondo: porque o avô Joaquim (eu sempre lhe chamei assim..) e a avó Luz, sempre foram os AVÓS em casa de quem nós passávamos as férias, as horas livres depois da escola e dos TPC, até virem os pais. Da casa eram 8 comigo 9, fora os vizinhos que se juntavam. A avó Luz e o avô Joaquim, apesar de não serem meus avós, eram de facto quem tomava conta de nós de manhã até à hora de jantar.Tivémos uma infância feliz, com um enorme jardim para brincar, uma rua sem saida para andar de bicicleta...até um célebre fim de ano.Aí houve grandes mudanças, mas, mais uma vez, graças à avó Luz ao avô joaquim, aos tios e aos meus pais continuámos a ter infância.

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  14. Jesus Cristo está sempre ao nosso lado e nunca nos abandona (mesmo durante o tempo em que O negamos ou não reconhecemos). É um amigo maravilhosamente persistente e atento...e providencia muitos sinais que nos impelem a excluir a opção de suicídio, quando a tristeza surge...Bem haja pela partilha e testemunho!

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  15. Texto de grande coragem e beleza, tal como a sua beleza interior! Foi fascinante lê-lo e constatar como passou de uma revolta inicial para uma (quase) aceitação... Que Deus não precise de si tão cêdo e lhe permite disfrutar ainda muitos anos, da vida ao lado do seu Anjo da Guarda - Patrícia.

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  16. Que coragem de testemunho, que coragem de vida e, certamente, que obra plena de coragem! Alguém já aqui referiu que a vida é amor, e é por isso que enquanto este existe nós existimos com e por ele. Bem haja, sempre.

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  17. Sem palavras... obrigado!!! O amor, às vezes, faz milagres...muito aprendi

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  18. Na minha vida profissional lidei de perto com o Prof Paulo, ao ler o texto ouvia a sua voz, a sua autenticidade a comunicar o que sente, a sua inteligência o seu saber é notável assim como a sua simplicidade. Centenas,muitas centenas de alunos desabafaram comigo sobre a sua maneira de estar sobretudo como Professor, era difícil distinguir a posição de Prof e como pessoa, todos os comentários eram de Excelência. Grande abraço Prof. Paulo e Drª Patrícia.

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  19. Obrigado pelo seu testemunho de vida.Prof. nunca tive ocasião de ler qualquer livro seu ou artigo, apesar de ser uma pessoa bem conhecida. Tenha a certeza das minhas orações.

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  20. Paulo Varela Gomes! Perdi o comentario que te tinha deixado.
    PRECISA,MOS DE TI!
    CONHECEMOS DESDE 1974 DEPOIS DE GOA.
    Conheces o livro Cancro não é uma doença de Andreas Morritz?
    Continuarei. Um abraço amigo, Silvia Bragança

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  21. Prof. foi meu prof, de história na Marques de Pombal em Belém , saudades desse tempo , ainda temos um almoco por partilhar , de uma aposta perdida por um de nós ! Abraco

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  22. Prof. foi meu professor de história , na Marques de Pombal em Belem , ainda temos um almoco por partilhar , apos uma aposta perdida por um de nós ! Abraco

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  23. Caro Paulo Varela Gomes,
    Ao ler o teu texto lembrei-me de uma citação de Alberti: “Quando investigo e descubro que as forças dos céus e dos planetas estão em nós, percebo que habito entre deuses”.
    Um grande e forte abraço,
    Mário Krüger

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  24. Caro Paulo Varela Gomes,
    Os seus ensinamentos académicos, práticos e de vida recebidos durante o curso acompanham-me durante toda a minha vida, pela forma simples e extraordinária de ver o mundo e os problemas que me rodeiam. Leio o seu texto como uma nova lufada de ar fresco, uma nova lição de vida sobre um assunto que a todos toca, a fragilidade da nossa vida e a mortalidade.
    Agradeço pelas inumeras lições apreendidas e por ter cruzado com a minha vida.
    Num mundo regido pela acumulação de riqueza, a maior riqueza que podemos ter são as pessoas que verdadeiramente nos influenciam e influenciamos, pois são essas que verdadeiramente perduram na memoria, sem dúvida que o Professor influenciou e continuará a influenciar o mundo á sua volta.
    Um Grande Abraço
    Luis Simões

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  25. Ao ler o teu texto aproveito uma citação de Rafael Alberti."...as forças...dos planetas estão em nós, percebo que habito entre deuses”.
    Um grande e forte abraço,
    José Manuel Oliveira

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  26. Que descanse em paz. Uma estrelinha mais no céu.

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  27. Às vezes é precisa tanta coragem para viver como para morrer. Um texto tão triste como lindo. Obrigada!

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  28. Admirável.Um BEM HAJA a este senhor.Fico de joelhos e com prece sienciosa.

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  29. Esteja onde estiver. Leia ou não este meu comentário. Quero deixar aqui o minha gratidão por ter partilhado connoscotanto do que é . As suas aulas e as conversas no bar do DARQ foram breves mas eternas. Trabalhei alguns meses a fazer transporte de doentes dos cuidados paleativos para suas casas e lidei de perto com muita paz e alegria. Sinto que neste momento estará bem e que finalmente percebeu que morrer apenas é mais difícil do que parece para os que ficam. Até à vista Amigo Paulo Varela Gomes.

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  30. Lembra-te meu caro "Esta enfermidade não é para a morte!". Obrigado pela sua coragem!

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  31. Lembra-te "Esta enfermidade não é para a morte!". Obrigado pela sua coragem!

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  32. Comovente estou muito emocionada Que descanse em Paz

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  33. Pêsames á família e que descanse em paz!
    Partimos todos e não sabemos a hora da partida.
    Somos natureza e nada mais!

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  34. Nada é por acaso, neste momento eu estar aqui a ler sobre uma experiência delicada de alguém que não conheço, sinto que não é mero acaso porque creio no amor de Deus por cada pessoa única , especial amada e criada por Ele. O qual Deus colocou no coração a eternidade.
    Deus se revelou a nós na Pessoa de Cristo; O Salvador de todo aquele que Nele crê.
    Palavras de amigos podem encorajar, a religião até lhe pode mostrar Deus, a filosofia e sabedoria humana fazer entender muita coisa... mas só Jesus pode ficar ao seu lado nesta passagem e garantir a VIDA Eterna onde não há mais morte e dor.
    Creia, clame a Ele e entregue-lhe hj mesmo a sua vida. Ele pagou o preço dos nossos pecados para desfrutarmos o melhor para toda a eternidade!
    "Pela Graça somos salvos por meio da fé, não pelas obras, é Dom de Deus. Deus abençoe e console

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  35. Agradeço a grandeza deste testemunho e desejo que a eternidade seja merecedora de o receber. E que nós que o lemos ,com pena de o não ter conhecido , sejamos merecedores desse previlégio.

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  36. Texto profundo, independentemente de eu não ser crente; em vez da palavra "Deus" vejo ali "uma certa condição humana" no que ela tem de mais sublime.

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  37. Professor Paulo Varela Gomes,
    onde estiver, receba este abraço de uma aluna que o teve sempre como referencia até hoje e passados tantos anos de ter sido o meu professor eleito entre outros nos anos em que estudei. Por si, continuei sempre, devido a sua postura acolhedora com todos os alunos seus..a beleza das palavras vindas de sua boca,o seu corpo descontraido a dar a aula sobre a História dos Monumentos milenares; Teatros,catedrais,etc...
    Sempre o vi como imortal e inatingìvel!!! Verdadeiro na sua Arte pq esculpia cada pedra de um monumento atraves da discrição de sua origem e para nós o fascínio de o ouvir,imaginávamo-nos nos locais por si descritos. Grande Mestre,único na forma como nos dava os testes, dando as perguntas para estudar em casa.
    Choro com saudade de si!!!
    A sua sabedoria é eterna!!
    Descanse em Paz!!!

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  38. Uma atitude de humildade perante a Vida e a nossa razão de existir.

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  39. Muito obrigada pela sua ajuda, esteja onde estiver estará bem. E até breve.

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  40. Realmente um grande hino ha vida e ao sofrimento,como cristã achei maravilhoso

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  41. Insondáveis os caminhos de Deus! Grande é a Sua misericórdia! Descanse em Paz! Amen.

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  42. Para mim que não o conheci, fica o nome, a grande lição de vida e a vontade de ler algum livro escrito por este distinto professor.

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  43. Um dos dois melhores professores que tive no darq/fctuc. Foi um privilégio assistir às suas aulas que se estendiam muito para além no tempo e das quais ninguém arredava pé, embebidos que estavamos nas suas palavras. Obrigada.

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  44. Sem palavras, vivi de perto um drama análogo. Por incrível que pareça ele encontrou o seu caminho, à família o meu abraço, que Deus os ajude a colmatar a sua dor e sofrimento.

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  45. Encarar a vida é sempre mais fácil do que ser confrontado com a morte anunciada. A partida de um ser humano com a dimensão de Paulo Varela é uma enorme perda.

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  46. Eu como vitalista admirei todo o seu percurso desde a origem da sua doença até a sua morte.
    É caso para dizer que morreu na hora certa no momento certo em liberdade.Sabe?Aonde muitos vêem coisas ideais eu em si vi coisas humanas demasiado humanas.

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  48. Só posso dizer que adorei o que li! Nao tenho palavras para o amigo...... Não sou capaz de pensar em nada que lhe possa dizer..... para ter coragem ?? que todos vamos mais cedo ou mais tarde morrer??? Não tudo isto são palavras gastas, sem sentido para o que estão a passar ! Talvez todos os dias que lhe restam tentar recordar com pormenor os momentos belos da sua vida os que ficaram na sua memoria, que lhe dão felicidade recordar talvez sejam um paliativo para o seu sofrimento ... é uma ideia ... amigo não sei mesmo o que lhe dizer ,só que é uma pessoa excelente .Tenho uma idade linda (faço 80 anos para o ano) tenho saúde ate hoje, marido, 3 filhos, 5 netos e tudo o que peço para mim é uma morte súbita, tenho uma fé muito minha, e nada de religiosidades e .fanatismos. um abraço apertado para si, esposa e família ,(estou no Facebook como Lourdes Rendeiro Piedade) não quero ser uma anonima1

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  49. Enquanto há Vida há Esperança e ela é a Ultima a Morrer , força amigo a Morte não existe é apenas uma Passagem !...

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  50. Brilhante descrição, Professor Paulo Varela Gomes, tão profundo e tão comovente, que deu a este grande desafio ditado por uma das regras da Vida, foca a sua nobreza de Ser, bem como da sua Mulher, Amiga e Companheira.
    Acredito que Deus esteja consigo, e por mais que seja dificil de olhar para a Morte, que a meu ver é a partida para o Universo, pode-se vê-la como a partida para uma nova missão, já que somos uma particula de energia.
    Desejo sinceramente que haja aqui saúde reversível para a qualidade de vida a fim de poder ainda desfrutar preciosos momentos em familia e com amigos do coração.

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  51. História de vida triste, mas fascinante pela grandeza de alma.
    Paz ao seu espírito onde estiver.

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  52. Emocionado e sem palavras. Que homem.

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  53. https://www.facebook.com/Vencer-o-cancro-434640770054376/

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  54. Também eu tenho cancro de grau IV inoperável. Também eu soube a notícia no verão de 2012. Também eu tive vontade de... não interessa. Não interessa mesmo nada porque tenho aprendido muito; tenho aprendido o amor em todo o seu esplendor. Tenho aprendido a necessidade de agradecer a Deus, ou ao destino, tanto faz, cada dia que passa. Tenho aprendido a beleza da vida.
    Não sei o que aconteceu a Paulo Varela Gomes depois de escrever este texto; nem quero saber. Porque também não me interessa nada saber como vaio ser o meu amanhã. Digo amanhã porque futuro é uma coisa tão nebulosa!...
    No meio de tudo isto resta sempre aquela alegria que brilha mesmo na noite mais escura:a alegria de que felizmente há luar. Há sempre luar.

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  55. Grande texto. Grande Homem. Grande Mulher. Deus é Amor e o Amor é muito importante na vida humana. Seja de pais, filhos, mulher, homem, animais e da natureza...de quem nos ama e de quem é do que amamos, tudo isso nos dá vida é ajuda a viver. Que Deus os ajude sempre e que o Amor nunca lhes acabe mesmo depois da morte.

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  56. Excelente texto, não conhecendo o autor, deixo aqui a minha admiração. Eu que já perdi tantos familiares e amigos com esta terrível doença. Entre elas o companheiro de uma vida de 40 anos..Excelente marido ..pai e avô mas a vida é madrasta e como tal reage como uma madrasta egoísta e implacável. Não sei se há hora e dia que escrevo este meu comentário o autor e interveniente de tão nobre texto ainda se encontra entre nós!!!!
    Se estiver dou-lhe os meus sinceros parabéns! !! Se ...já não fizer parte deste mundo tão hipócrita. ..deixo uma frase que a minha psicologia me disse primeira consulta há 10 anos ....
    MORRER É SÓ NÃO SERMOS VISTOS!

    Quina de Melo

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