quarta-feira, 13 de maio de 2015

in Teoria dos Limites


*In Teoria dos Limites, Maria Manuel Viana
edição teodolito, esta é a contracapa

"(...) e ele já saltara para outra história, mais uma vez sobre nomes, dir-se-ia que não havia outro assunto naquela família, agora por causa dos cães, também ele era um homem que gostava de cães, havia lá em casa sempre pelo menos um dog alemão, ou grand danois, enormérrimo, lindíssimo, e chamavam-lhe todos Cão, assim sem mais, Cão, e ela interdita, como é que o cão não tinha nome próprio, e ele, Cão é nome, porque é que não é nome?, e a três, a Mariana, a Ana Lúcia e ela, resolveram ir à procura, nos dicionários que estavam na biblioteca, como se dizia cão nas outras línguas, dog claro que sabiam, mas em francês, em espanhol, em italiano, em alemão, em latim, que era uma língua que ele afirmava ser a mais importante de todas, como diriam cão esses povos?, e escreveram tudo num papel, e puseram-se no jardim a gritar chien, perro, cane, hund, cane outra vez, que coisa mais esquisita!, e o bicho nada, nem sombra, só aparecia triunfante quando, por fim, berraram cão."

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