subo rua acima pensando na solidão
que vou encontrar em casa.
o mundo à minha volta não é mais do que um aglomerado
de pessoas tristes disfarçadas de sorrisos circunstanciais.
como é louca a nossa condição,
como é estranha a nossa aversão aos pensamentos lunáticos,
como somos indefesos sem a nossa mãe.
por isso transmitimos o que nos vai na alma,
o cansaço dos dias mal resolvidos,
a luta por sobreviver, mesmo não tendo presas para caçar.
ai como é fácil sermos superiores ao próximo.
ai como é simples julgar os outros
(eles só podem ser mais infelizes que nós).
eles não têm dinheiro,
não têm alguém que os espere,
eles não sabem o que é um beijo.
eles.
somos ridículos --- palhaços tristes de circo
somos mesquinhos --- lixo à espera de ser recolhido
somos carentes --- crianças de colo
e mesmo assim singulares almas
talhadas pelo medo dos fogos do inferno
(local que existe apenas no imaginário).
chegado ao fim escondo a cara
para que não me vejam chorar.
Rodrigo Ferrão
Foto: Ana Christelo
É comovente !
ResponderEliminarUm abraço, bruma do tempo! Obrigado pelo comentário, continue a seguir-nos
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