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A minha mãe, Sr. Elahi, interrogava-se para onde vão os guarda-chuvas. Sempre
que ela saía à rua, perdia um. E durante toda a sua vida nunca encontrou
nenhum. Para onde iriam os guarda-chuvas? Eu ouvia-a interrogar-se tantas
vezes, que aquele mistério, tão insondável, teria de ser explicado. Quando era
jovem pensei que haveria um país, talvez um monte sagrado, para onde iam os
guarda-chuvas todos. E os pares perdidos de meias e de luvas. E a nossa
infância e os nossos antepassados. E também os brinquedos de lata com que
brincávamos. E os nossos amigos que desapareceram debaixo das bombas. Haveriam
de estar todos num país distante, cheio de objectos perdidos. Então, nessa
altura da minha vida, era ainda um adolescente, decidi ser padre. Precisava de
saber para onde vão os guarda-chuvas.
– E já sabe? – perguntou Fazal Elahi.
– Não faço a
mais pequena ideia, mas tenho fé de encontrar um dia a minha mãe, cheia de
guarda-chuvas à sua volta.
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