segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O Pêndulo de Foucáult

Esqueçam – será mesmo que uma critica pode começar com esta palavra – esta crónica não serve para explicar o livro, outros fizeram a descrição deste tão bem e a sua critica de uma maneira tão competente que este resumo critico apenas vos serve para ficarem com a mente em chamas – expressão usada no próprio livro – acerca deste romance histórico de aventura e com muito mistério que um professor de filosofia, semiótica e linguística usa para nos explicar um eventual plano de vingança de uma sociedade denominada de TRES, que visa dominar o mundo, após os seus antepassados Templários terem sido aprisionados em massa por um rei francês no dia 13 de Outubro de 1307, numa sexta-feira, desencadeando a sua extinção primeiro em França e depois e aparentemente em toda a cristandade.

Umberto Eco é neste romance o mestre que ensina a uns pupilos relapsos denominados de Dan Brown a uma escala mais universal – e à escala lusófona de José Rodrigues dos Santos – como escrever um romance histórico que tenha para além de mistério alguma aventura. O problema é que Umberto Eco apenas escreve um romance com esta forma, até porque a um mestre basta apenas uma obra prima, não precisa de se repetir nem muito menos matar-nos, com muitos bocejos pelo meio, de tédio com as repetições sucessivas de romances atrás de romances com o mesmo estilo e com a mesma base narrativa. Eu sei que já esteve mais na moda do que agora está, mas gostava de explicar a alguns pretensos "escritores" (sim está mesmo sobre aspas) deste estilo e que fazem best-sellers de que quando se escreve uma obra prima ou se passa para outra noutro estilo e com outra base de enredo ou então as sucessivas repetições demonstram o quanto diminuta é a imaginação do escritor que as escreve.

O Pêndulo de Foucáult é deste modo e sem nenhuma dúvida o ponto de partida de Dan Brown, para a sua conspiração liderada pela organização aparentemente secreta Priorado de Sião, aliás Umberto Eco quase que adivinhava o que é que o seu livro – publicado em 1988, ou seja, 15 anos antes da obra do norte-americano – poderia originar e a sua sociedade poderosa denominada de TRES lança um anátema sobre os profanadores do segredo, sobre os sicofantas do Oculto e sobre quem fez espetáculo dos Ritos e dos Mistérios. Para reforçar este anátema este escreve que uma das organizações que condena são – suprema ironia da história literária – todos os Colégios e Priorados de Sião ou das Gálias!. O mestre já adivinhando pupilos relapsos e copiadores de estilo condena-os literariamente de forma irónica e sem qualquer contemplação, quem serei eu para não o apoiar neste desiderato.

Este livro tem que ser entendido mais do que um romance como um conjunto de camadas e camadas de histórias, Umberto Eco joga assim com quem ousa interpretar o seu livro como apenas um romance de mistério com alguma aventura e fundo histórico. Aliás quem percebe o que é a Cabala – literalmente do hebraico "receber/tradição" – judaica e de que maneira este organiza esta sua obra prima é que pode se dar ao luxo de entender que por detrás dos 120 capítulos organizados em torno das 10 Sefirot – literalmente do hebraico "partes/frutos" – este brinca com a velha tradição da numerologia judaica de entender a Torah e desvendar deste modo a presença de D´us e de um eventual seu plano sagrado nesta Terra.

Para um professor de semiótica este desafio mental que nos lança chega a ser viciante, deste modo vou vos desvendar três amplos – dos 999 que até agora eu apurei – pormenores/significados deliciosos – que escondem por sua vez mais uns tantos sob outras camadas – que demonstram o aspeto cabalístico e/ou numeral desta obra prima literária:
Primeiro nos dois primeiros capítulos está o resumo do livro, não querem ler todo até ao fim, ótimo!!! Então leiam o capitulo 1 – número que para os Pitagóricos simbolizava o homem – e o capitulo 2 – que para a mesma ordem iniciática grega simbolizava a mulher – e terão na primeira das Sefirot isto se lá chegarem ou pensam que a coisa está de mão beijada – o resumo do livro sob a égide de três velhas leis hermenêuticas de que O Todo é Mente; o Universo é mental, O que está em cima é como o que está em baixo. E o que está em baixo é como o que está em cima e por fim que O Género está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o género manifesta-se em todos os planos da criação;
Segundo o facto de o “Tio Carlo”. que tinha a comenda de cavaleiro da coroa de Itália, que era familiar de uma das personagens principais, Belbo, ter um azar num capitulo, cuja a soma dos dois números que o compõem é 13, pior fá-lo com o à vontade de brincar com que esse azar é uma quase morte do tal seu familiar, ou seja, o capítulo serve nesta camada para comparar este personagem à quase morte dos Templários e no mesmo capitulo a coincidência encontrada no diálogo entre as personagens chega a ser deliciosa, pois entre este “Tio Carlo” e “Tersi”, o líder dos partisan que o manda prender, os dois descobrem que serviram em diferentes brigadas, mas na mesma batalha, intitulada de Solstício;
Terceiro um pormenor que nos diz respeito, enquanto portugueses, que está escrito no livro numa página com um determinado número, que em muitas ordens iniciáticas quer dizer alguma coisa e que nas várias edições do livro em todas as línguas latinas que possuo é onde é-nos desvendado que o nosso Templo de Cristo em Tomar como o local da primeira reunião do tal plano dos Templários, a que já me referi resumidamente atrás. Não é só interessante o número usado como e particularmente na página seguinte ser usado no texto um número que corresponde nominalmente ao número da página que estamos a ler.
Coincidências, essas existem poucas quando falamos num mestre que cose o livro a seu belo prazer deixando a quem o lê sem a profundidade desejada à espera de pensar que se trata de mais um conto conspirativo, quando na realidade é a visão do autor sobre uma cabala ocidental e cristã que com a sua teoria do tudo pretende explicar alguma da história, primeiro ocidental e posteriormente quando a Europa se torna a referência e a dominadora cultural universal, global. 

Em 6 parágrafos – ou será 10 – deixei-vos nesta critica pistas para entenderem esta obra prima e já agora refiro em jeito de nota que não me responsabilizo pelo facto de toda esta estar cheia de significados de semiótica e de linguística que escaparam ao olhar de algum leitor mais incauto. Como a próxima segunda-feira é a segunda do mês de Fevereiro e eu nesta analiso/critico livros sobre maçonaria, esoterismo, teologia e/ou religião, resolvi matar a charada – segundo a expressão dos nossos irmãos de língua que falam português açucarado – e vou direto à questão no livro que escolhi, que foi Introdução à Maçonaria de António Arnault um livro que resume no meu entender todas as questões que um profano – já agora não ofendo ninguém com esta designação maçónica que apenas refere aqueles que ainda não foram admitidos dentro dum templo maçónico e/ou chão sagrado – pode e bem se colocar diante do que é e/ou pode ser a Maçonaria, denominada por alguns como – e veremos se será uma designação pomposa ou não – de Arte Real.

Saudações a todos os leitores e boas leituras,

.'.Sandro Figueiredo Pires.'.

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