Esqueçam
– será mesmo que uma critica pode começar com esta palavra –
esta crónica não serve para explicar o livro, outros fizeram a
descrição deste tão bem e a sua critica de uma maneira tão
competente que este resumo critico apenas vos serve para ficarem com a mente em chamas – expressão usada no próprio livro –
acerca deste romance histórico de aventura e com muito mistério que
um professor de filosofia, semiótica e linguística usa para nos
explicar um eventual plano de vingança de uma sociedade denominada
de TRES, que visa dominar o mundo, após os seus antepassados
Templários terem sido aprisionados em massa por um rei francês no
dia 13 de Outubro de 1307, numa sexta-feira, desencadeando a sua
extinção primeiro em França e depois e aparentemente em toda a
cristandade.
Umberto
Eco é neste romance o mestre que ensina a uns pupilos relapsos
denominados de Dan Brown a uma escala mais universal – e à escala
lusófona de José Rodrigues dos Santos – como escrever um romance
histórico que tenha para além de mistério alguma aventura. O
problema é que Umberto Eco apenas escreve um romance com esta forma,
até porque a um mestre basta apenas uma obra prima, não precisa de se
repetir nem muito menos matar-nos, com muitos bocejos pelo
meio, de tédio com as repetições sucessivas de romances atrás de
romances com o mesmo estilo e com a mesma base narrativa. Eu sei que já
esteve mais na moda do que agora está, mas gostava de explicar a
alguns pretensos "escritores" (sim está mesmo sobre aspas) deste estilo e que fazem
best-sellers de que quando se escreve uma obra prima ou se passa para
outra noutro estilo e com outra base de enredo ou então as
sucessivas repetições demonstram o quanto diminuta é a imaginação
do escritor que as escreve.
O
Pêndulo de Foucáult é deste modo e sem nenhuma dúvida o ponto de
partida de Dan Brown, para a sua conspiração liderada pela organização aparentemente secreta
Priorado de Sião, aliás Umberto Eco quase que adivinhava o que é
que o seu livro – publicado em 1988, ou seja, 15 anos antes da obra do norte-americano – poderia originar e a sua sociedade
poderosa denominada de TRES lança um anátema sobre os
profanadores do segredo, sobre os sicofantas do Oculto e sobre quem fez espetáculo dos Ritos e dos Mistérios. Para reforçar este anátema este escreve que uma das organizações que condena são – suprema
ironia da história literária – todos os Colégios e Priorados
de Sião ou das Gálias!. O mestre já adivinhando pupilos
relapsos e copiadores de estilo condena-os literariamente de forma
irónica e sem qualquer contemplação, quem serei eu para não o apoiar neste desiderato.
Este
livro tem que ser entendido mais do que um romance como um conjunto
de camadas e camadas de histórias, Umberto Eco joga assim com quem
ousa interpretar o seu livro como apenas um romance de mistério com
alguma aventura e fundo histórico. Aliás quem percebe o que é a
Cabala – literalmente do hebraico "receber/tradição" –
judaica e de que maneira este organiza esta sua obra prima é que
pode se dar ao luxo de entender que por detrás dos 120 capítulos
organizados em torno das 10 Sefirot – literalmente do hebraico "partes/frutos" – este brinca com a velha tradição da
numerologia judaica de entender a Torah e desvendar deste modo a
presença de D´us e de um eventual seu plano sagrado nesta Terra.
Para
um professor de semiótica este desafio mental que nos lança chega a
ser viciante, deste modo vou vos desvendar três amplos – dos 999
que até agora eu apurei – pormenores/significados deliciosos – que escondem
por sua vez mais uns tantos sob outras camadas – que demonstram o
aspeto cabalístico e/ou numeral desta obra prima literária:
Primeiro
nos dois primeiros capítulos está o resumo do livro, não querem
ler todo até ao fim, ótimo!!! Então leiam o capitulo 1 – número
que para os Pitagóricos simbolizava o homem – e o capitulo 2 –
que para a mesma ordem iniciática grega simbolizava a mulher – e
terão na primeira das Sefirot – isto
se lá chegarem ou pensam que a coisa está de mão beijada – o resumo do livro sob a égide de
três velhas leis hermenêuticas de que O Todo é Mente; o
Universo é mental, O que está em cima é como o que está em baixo. E o
que está em baixo é como o que está em cima
e por fim que O Género está em tudo: tudo tem seus
princípios Masculino e Feminino, o género manifesta-se em todos os
planos da criação;
Segundo
o facto de o “Tio Carlo”. que tinha a comenda de cavaleiro da coroa de Itália, que era familiar de uma das
personagens principais, Belbo, ter um azar num capitulo, cuja a soma
dos dois números que o compõem é 13, pior fá-lo com o à vontade
de brincar com que esse azar é uma quase morte do tal seu
familiar, ou seja, o capítulo serve nesta camada para comparar este
personagem à quase morte dos Templários e no mesmo capitulo a
coincidência encontrada no diálogo entre as personagens chega a ser deliciosa, pois entre este “Tio Carlo” e “Tersi”,
o líder dos partisan que o manda prender, os dois descobrem
que serviram em diferentes brigadas, mas na mesma batalha, intitulada
de Solstício;
Terceiro
um pormenor que nos diz respeito, enquanto portugueses, que está escrito no livro numa
página com um determinado número, que em muitas ordens iniciáticas
quer dizer alguma coisa e que nas várias edições do livro em todas as línguas
latinas que possuo é onde é-nos desvendado que o nosso Templo de Cristo em
Tomar como o local da primeira reunião do tal plano dos Templários,
a que já me referi resumidamente atrás. Não é só interessante o
número usado como e particularmente na página seguinte ser usado no texto um
número que corresponde nominalmente ao número da página que
estamos a ler.
Coincidências, essas existem poucas quando falamos
num mestre que cose o livro a seu belo prazer deixando a quem o lê
sem a profundidade desejada à espera de pensar que se trata de mais
um conto conspirativo, quando na realidade é a visão do autor sobre
uma cabala ocidental e cristã que com a sua teoria do tudo
pretende explicar alguma da história, primeiro ocidental e
posteriormente quando a Europa se torna a referência e a dominadora
cultural universal, global.
Em
6 parágrafos – ou será 10 – deixei-vos nesta critica pistas para
entenderem esta obra prima e já agora refiro em jeito de nota que
não me responsabilizo pelo facto de toda esta estar cheia de
significados de semiótica e de linguística que escaparam ao olhar de algum leitor
mais incauto. Como a próxima segunda-feira é a segunda do
mês de Fevereiro e eu nesta analiso/critico livros sobre maçonaria,
esoterismo, teologia e/ou religião, resolvi matar a charada –
segundo a expressão dos nossos irmãos de língua que falam
português açucarado – e vou direto à questão no livro que
escolhi, que foi Introdução à Maçonaria de António Arnault um livro que resume no meu entender todas as questões
que um profano – já agora não ofendo ninguém com esta designação
maçónica que apenas refere aqueles que ainda não foram admitidos
dentro dum templo maçónico e/ou chão sagrado – pode e bem
se colocar diante do que é e/ou pode ser a Maçonaria,
denominada por alguns como – e veremos se será uma designação
pomposa ou não – de Arte Real.
Saudações a todos os leitores e boas leituras,
.'.Sandro Figueiredo Pires.'.
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