terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

É do borogodó: punhado de pó, de T.S. Eliot



Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham
Nessa imundície pedregosa? Filho do homem,
Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o canto dos grilos,
E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
(Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
E vou mostrar-te algo distinto
De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.

– T.S. Eliot –

* leia o poema de T.S. Eliot, integralmente disposto no Boletim Tutores da USP, sob título o enterro dos mortos. Tradução de Ivan Junqueira.

** a fotografia é de Jacob Sutton.

Penélope Martins

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