Quando
fazemos a critica a um livro é absurdo tentarmos reproduzir e ou
citar ideias dos autores, deixo isso para os autores e os leitores do
mesmo. Cabe-me a mim como critico contextualizar e explicar o que é
na generalidade e como apareceu a obra. Os autores Edgar
Morin e Anne
Brigitte Kern são dois
sociólogos, o primeiro para além de sociólogo é filosofo e
antropólogo, formado em Direito, História e Geografia e tem, no meu
entender, neste livro o ponto alto do seu pensamento político.
Antes
sequer de passar às considerações profundas que este livro nos
aponta temos que o contextualizar, escrito em 1993, logo após o
colapso da União Soviética, em plena guerra civil Jugoslava e antes
da universalização da internet
e da chamada guerra ao terrorismo islamita e de todos os contra
ataques que este efetuou, embora nessa altura já se tivesse
anunciado O Fim da História
por Francis Fukuyama (escrito em 1989) a parte dois deste pensador
intitulada O Fim da História e
o ultimo homem em que este
argumenta que a Democracia
Liberal é o ponto final da
evolução histórica e política humana tinha acabado de sair.
Terra-Pátria
é deste modo um livro pré Era
Métatecnica (identificada no
livro com a revolução que tanto a internet
como a cybernética
iriam provocar no homem e na humanidade) mas após o colapso de um
dos últimos sistemas de ditadura ideológica, o império
socialista cientifico,
a subsistir neste Planeta
Edgar
Morin e Anne
Brigitte Kern têm uma ideia
principal que perpassa em todo
o livro que é que o
investimento no repensar político precisa de uma verdadeira
re-fundação, a qual exige a reforma de pensamento
e com este pressuposto detalham
de forma interessante e resumida como se chegou onde estamos, na
atual Era Planetária
e o ponto de partida em que se encontravam, em 1993, numa síntese
que denominam de: Agonia
Planetária.
Neste capítulo analisam os
meta-problemas que o Homem e a Humanidade tinha para referirem quais
as finalidades terrestres que estes podem alcançar, enfatizando a
necessidade de uma reforma do pensamento capaz de conceber as coisas
no seu contexto e definirem a comunidade de destino terrestre ao
proporem-se assumir a Terra enquanto morada e, como uma
sociedade-mundo, na qual os problemas globais ou supranacionais
venham à frente das disputas de poder entre as nações, definindo
deste modo –
não sem antes enquadrarem num capitulo anterior quais os pontos de
identidade terrena que podem levar ao mesmo – o conceito de
Terra-Pátria. A
parte mais importante do livro, não fica ao que parece no final mas
a meio do mesmo, pois ao falarem destas finalidades tentam enquadrar
nestas o que de facto interessa, mas...
E há sempre um mas, o problema é o
confronto com a realidade e como é que se pode construir e/ou levar
avante as realidades que o Homem e a Humanidade se podem propor a
prosseguir de modo a que se atinja uma finalidade comum que culmine
numa comunidade destino chamada de Terra-Pátria
e lutar contra o impossível
realismo e é aqui que aparece
o conceito da Antropolítica como enquadramento para a construção
de uma Utopia Realista (aliás existe um livro interessante
intitulado Para uma Utopia Realista sobre os
Encontros de Châteauvallon
que se realizam precisamente à volta de Edgar
Morin) desconstruindo o real e
explicando as
diferentes intensidades deste quer no tempo, quer nos valores, quer
na política, quer e por fim na construção de uma utopia viável e
realista.
A
parte final é o ápice
que me abstenho de explicar, pois retiraria a graça toda a quem
pretende ler o livro. As perguntas que ficam são: Será que os
autores conseguem ultrapassar o confronto com a realidade? E se o
fazem a utopia que propõem é ampla e/ou limitada?
Quando
os livros são desafiantes é o que me apetece deixar, o gosto para
que leiam os mesmos e tirem por vós mesmos as conclusões que mais
ninguém pode tirar. Como
a próxima semana é a primeira 2.ª feira de Fevereiro, e
analiso/critico livros de romance, poesia, viagens & best
sellers, o livro que
escolhi foi Il
pendolo di Foucault
e/ou O Pêndulo de Foucault
de Umberto
Eco,
um romance e best
seller
que este publicou em 1988.
Saudações a todos os leitores e boas leituras,
.'.Sandro Figueiredo Pires.'.
Thanks for the article! Interesting!
ResponderEliminarReading books is a reflection ... The choice of books - the most important thing!
"Teaching without thinking is useless, but without meditation exercises dangerous. "Confucius