Se existo não sei,
disseram-me que existindo não se sente. Não importa. Se para existir tiver que
parar de sentir, vou não senti-lo, passando a existir em partes.
O tempo, tempo já não me tem. Um livro sim, e quando o abro deixo de o ter porque a tê-lo já não sou eu próprio, e não me deixam deixar de me ser.
Há dias em que me sobe um desaconchego rápido. Vai-se cansando antes de chegar a manhã parecer. Outras noites me pesam sem eu lhes pensar. Já pouco me dói e vou aguentando. Aguentar tem que ser.
É uma aparição que dói toda, quase todo, leva-me o Presente. Deixou-me uma carta escrita com palavras mais fortes. Enfraqueceu-as para eu as poder compreender- outro modo seria menos possível.
Vida e vírgulas interrompem-me. Não há possibilidade de a viver senão for completo, senão existindo em continuidade.
Se o há, é vida.
Gonçalo Naves
Foto tirada daqui:
http://campodapoesia.blogspot.pt/2010_12_01_archive.html
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