terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O rapaz da bicicleta

lembro-me do natal ser a bicicleta
quando o natal era acordar
na manhã de abrir os presentes
que o pinheiro congregava

não me lembro de alguma vez
ter sido um ás do guiador
fazer cavalos
éguas
ou sacar piões
andar sem mãos sim
no balanço que a meninice permitia

as tardes de sábado
aconteciam à boleia da bicicleta
rumo aos campos à beira rio
e a bola chapinhava
entre os tufos de ervas
até nas gargantas não caberem mais golos

as férias grandes eram maiores
assentes sobre os raios
pelos caminhos que não conheciam fim
e o descanso caía além horizonte

agora pedalo apenas de memória
mas é como andar de bicicleta
aprende-se e não mais se esquece.

Helder Magalhães

(Fotografia do filme "O miúdo da bicicleta")

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