No r/ch do n.º 210 da Rua D. João I, em
Guimarães, existe uma livraria, a Livraria SNOB, sonho e audácia de uma troika
boa, três mosqueteiros dos livros – a Emília Araújo, o Eduardo Fernandes e o
Duarte Pereira – onde na noite do Domingo que passou mais uma vez o Pretérito Perfeito foi motivo de conversa, um presente que se faz passado, aos meus olhos
perfeitos.
E porque sobretudo as pessoas, fico sem
palavras (quando o que nos junta são as palavras) para dizer o quanto gosto das pessoas.
Não fico.
Morro de ridícula na tentativa.
Assim ao meu lado dois pilares perfeitos,
Suzana Costa, advogada, fiscalista, professora universitária, cantora num Combo
e num Coro curiosamente também fundados em Guimarães, e Rodrigo Ferrão, jurista, bloguer premiado, poeta.
No meu outro lado, mais amigos, centenários e
incontornáveis, como o Eduardo Miguel, o Ricardo Pereira, o Manuel Oliveira,
mais os outros, que parece que sempre ali estiveram, a Ana Christelo, comovedora
a fotografar solidões, que cumprindo os conselhos do Zeca, consigo trouxe
dois amigos também, e a Clara Amorim em relação à qual me atrevo a dizer, como aprendi com a minha amiga Ana
Saragoça, escritora que merece leitura, nós sempre fomos amigas mas só agora é
que nos conhecemos.
E a novidade de um poeta na
plateia, Vinícius de Moraes, copo de whisky na mão,
diria saravá Hélder Magalhães!
E o que foi bonito de bonito, tudo o que ouvi
dizer sobre o livro, sobre o Vasco,
personagem principal de quem se falou como se de gente se tratasse.
E mais bonito de bonito, os olhares atentos e
curiosos, e depois os gestos, o carinho devotado que tanto me comove.
Depois um pão-de-ló, a Clara Amorim levou um pão-de-ló, méritos da irmã, Cristina Amorim, esclareceu; um gesto doce em todos os sentidos,
e mais me ofereceu flores, um ramo de tulipas encarnadas ainda em botão, flores
que por instantes me fizeram viajar, agora, depois da Índia, para a Índia, chão
onde mais me cruzei com cabeças de turbante, antes, para a Turquia, um dos meus
primeiros países estrangeiros, a Clara sem saber comigo a viajar, porque me
lembrei, lembro-me sempre, que o nome tem origem na palavra turca/otomana (não
sei precisar) tulbend, que significa turbante.
Depois, sentada na esplanada central da
livraria, as mesas cheias de livros, bebi um chá, aqueci o corpo, passei para o
vinho, e acabei a noite leitora encantada por um encantador de leitores, porque
o Duarte é isso, sem flauta nem relógio de bolso, um encantador de leitores.
Tens de ler este, e este e mais este, e já
leste este?
Ora porque o autor, ora porque o tradutor,
ora porque a história, ora porque a edição.
Os tantos livros que trouxe, quase uma dúzia,
como as sardinhas, mais a Sesla, revista de poesia, oferecida pelo Rodrigo,
e onde viu o seu primeiro poema publicado em papel. Sem papel há todo um “Eu
poético” para ler aqui, no Clube de Leitores
Assim, entrámos pela madrugada a falar de
livros, de livrarias, de editores, de livreiros, de autores, coscuvilhámos com curiosidade,
carinho, admiração e por vezes tristeza que também as há no mundo dos livros.
E se ser Snob é isto... eu sou tão
completamente SNOB.
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