sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Eu poético «Não, sim, nim»

Não, sim, nim

não negues o meu direito à solidão,
as multidões não a combatem.
não negues o meu direito ao sossego,
o som da chuva basta.
não negues o meu direito ao poema,
que eu faço o que quero com as palavras.

não negues.
não.

afirma o meu direito ao amor,
que eu tenho muito para dar.
afirma o meu direito à alegria,
porque já guardei todas as lágrimas.
afirma o meu direito à liberdade,
que eu vivo preso à fatalidade das rotinas.

afirma.
sim.

talvez consideres o meu direito à dúvida,
que eu movo-me pelas questões.
talvez queiras dar espaço ao sonho,
ele é o último a morrer.
talvez me possas dar a mão,
dois somos mais fortes do que um.

talvez.
nim.

Rodrigo Ferrão

Foto: Leonor Ferrão

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