não negues o meu direito à solidão,
as multidões não a combatem.
não negues o meu direito ao sossego,
o som da chuva basta.
não negues o meu direito ao poema,
que eu faço o que quero com as palavras.
não negues.
não.
afirma o meu direito ao amor,
que eu tenho muito para dar.
afirma o meu direito à alegria,
porque já guardei todas as lágrimas.
afirma o meu direito à liberdade,
que eu vivo preso à fatalidade das rotinas.
afirma.
sim.
talvez consideres o meu direito à dúvida,
que eu movo-me pelas questões.
talvez queiras dar espaço ao sonho,
ele é o último a morrer.
talvez me possas dar a mão,
dois somos mais fortes do que um.
talvez.
nim.
Rodrigo Ferrão
Foto: Leonor Ferrão
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