domingo, 30 de novembro de 2014

Cronicando pela Ásia... de volta a Macau

Macau,
12 de Maio de 2009

Voo da Tailândia para Macau, dizendo adeus aos dias felizes de praia, campo e aventura. Não vou mais andar de mochila às costas, não vou mais confiar o destino ao primeiro transporte que me leve de um sítio a outro. Acabou-se a pressão pelos horários; no calendário dos próximos dias apenas um local - Macau.

E é também um regresso. Tinha passado uma noite por lá, num sonho delirante, mas que foi real. Absolutamente vivido num ápice, como se fechasse os olhos e estivesse acordado cinco minutos depois.

Saído do autocarro, passo pela Universidade. Atravesso e serpenteio os prédios ao longo da água, miro a altura espantosa daquela selva. Num café consigo pela primeira vez falar português. Apesar da resposta não ter sido perfeita, vejo com agrado que me entendem. E é também ali que como uma nata - verdadeiro património português por aquelas bandas.


Desço até à entrada de um casino. Os autocarros fazem transportes directos entre os casinos da cidade. Apanho aquela boleia e sou deixado no centro. Ao meu lado aparece o Casino Lisboa e o Grand Casino Lisboa. O velho e o novo, lado a lado. O passado e o presente unidos, vizinhos um do outro.

Tiro fotos até chegar ao sítio onde durmo. Ali, bem ao lado, o edifício mais conhecido da cidade - as Ruínas de São Paulo. Miro as montras e volto a constatar que os portugueses ainda por lá andam. Se não tantos como outrora, pelo menos numa memória ou souvenir. O galo de Barcelos no Oriente é especial. Será que conhecem a lenda?


A calçada portuguesa leva-me até um jantar com portugueses, mas num verdadeiro repasto chinês. E que jantar! Esta comida não tem nada a ver com a comida chinesa que vemos na Europa. Aqui sente-se o sabor forte do gengibre, das pimentas e malaguetas, do caril. Fiquei a arder um pouco, nada que não ficasse resolvido com mais um refresco e um longo passeio.

Dali partimos para um belíssimo bar, mesmo ao lado das Ruínas de São Paulo. À noite, o esqueleto daquele edifício torna-se monumental. Aparecem mais portugueses, fala-se dos dias felizes que passei pela península da Indochina. Vemos mapas com sítios para visitar nos próximos dias... e, de repente, apercebo-me que já falta pouco para deixar a Ásia. Que saudades vou ter desta viagem, destas gentes, deste mundo eléctrico, carregado de contrastes.


Fomos ao Casino Lisboa (ao velhinho) e descemos até ao andar de baixo. Surpresa total ao perceber que, num ápice, estava num corredor escuro. Pequenos pontos de luz mostravam a cara de várias mulheres, todas elas prostitutas. O corredor terminava e as raparigas regressavam atrás, ao ponto de partida. Parámos no bar e pedimos qualquer coisa para beber. Ali ficámos uns tempos até sermos vencidos pelo cansaço. E então fomos para casa. Havia que descansar o corpo, amanhã seria um dia de grandes passeios.

Rodrigo Ferrão 

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