domingo, 5 de outubro de 2014

O regresso da máquina de escrever

"Condenada ao desaparecimento, pela chegada do computador, a máquina de escrever regressa de forma inesperada. Qual a origem deste fenómeno?"

Começa assim o artigo da Courrier Internacional, 
retirado do Jornal Finantial Times, Londres.

"O seu martelado tac-tac-tac era tanto sinónimo de redacção de um jornal como a escrita à mão ou o fumo dos cigarros. Uma ilustre lista de escritores, de Jack Kerouac a Ernest Hemingway, usava-as para fazer as suas palavras sangrarem sobre as páginas em branco. 

 

Ernest Hemingway à esquerda, Jack Kerouac à direita, com as suas máquinas de escrever

No entanto, a máquina de escrever parecia destinada a juntar-se ao telégrafo e à disquete nas prateleiras da tecnologia supérflua. Estarão as preocupações com a vigilância da internet a fazê-la regressar?

Na sequência de uma reportagem publicada no semanário económico alemão Wirstchaftswoche, o Diehl Group, uma holding alemã de tecnologia e defesa, confirmou que usa máquinas de escrever convencionais para "assuntos sensíveis."

De facto, tal como os críticos da comunicação social foram céleres a apontar, existem as organizações de espionagem que poderiam voltar a interceptar comunicações dactilografadas, como faziam antigamente. 

Em vez disso, o principal motor do recente ressurgimento da máquina de escrever parece ser o dos jovens universitários, tipos criativos e gente com preocupações de estilo - uma mescla que não é habitualmente conhecida por evitar ser o centro das atenções.

Edward Michael, da Swintec, uma empresa de máquinas de escrever da Nova Jérsia, explica outro aspecto da presente atracção: "Quando nos sentamos em frente ao computador, vamos ver o e-mail, entramos num chat com alguém, passamos pelo Facebook - e não começamos a trabalhar nos primeiros 45 minutos. Com uma máquina de escrever, ficamos logo  100% concentrados. 

(...) continua a haver imensas razões românticas para o uso de uma máquina de escrever: "Falaram-me de escritores que escrevem os seus romances na máquina de escrever e que, em vez de carregarem numa tecla e voltarem atrás para apagar uma palavra, voltam a bater toda a página. E enquanto dactilografam, pensam um pouco mais e melhoram o texto", diz Edward Michael. "Quando se bate novamente uma página, muda-se a história de todos nós."

Excertos do artigo: As máquinas de escrever voltam a fazer-se ouvir, Courrier Internacional
Outubro de 2014. Autor: Chris Bryant. Tradução de Ana Cardoso Pires. 
Artigo original disponível em: http://www.ft.com/cms/s/0/6d480dcc-13d6-11e4-b46f-00144feabdc0.html#axzz3FHOO5clE

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