quinta-feira, 3 de julho de 2014

Gonçalo Viana de Sousa - o Flâneur das Sensações



Mais um poema (falhado) de Gonçalo Viana de Sousa.
Trasncrevo o que recebi hoje de manhã:

Meu querido José, envio-lhe, agora de manhã, esta coisa a que tenho vergonha de chamar poema. Envio-o, pelo simples facto de ele servir como um enigmático prefácio ao texto que mais tarde irá receber. Esqueça Bernardo Soares. Talvez lugares mais distantes seja o ideal. Bem, não sei. Eis que fica no seu regaço este molho de pontuação e acentos. 
Muito seu.

Gonçalo V. de S.

Hoje ainda não fiz absolutamente
Nada.
Cheguei ao trabalho e simplesmente
Continuei a suposta inexistência
De Bernardo Soares. Continuei-a,
Dando-lhe sobrevida e força, como se ele
Precisasse de alguém para não ser de forma tão
Absoluta.

Quero ser uma personagem da ficção
Como ele, mas só minha, sem a força
Dos mitos e dos sistemas que os gregos,
Xenófobos, racistas, oligarcas e
Pais da democracia, teimaram em legar,
Não legando, teimando continuar
A existir não existindo nunca.
Somos escravos de tudo o que
Nos ultrapassa. Escravos da eternidade,

Dos deuses e da beleza.

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