terça-feira, 15 de julho de 2014

É do borogodó: recolhe os restos

recolhe os restos de mim

os trapos que ainda se arrastam

grudados aos seus sapatos, o fio

linhas que me erguem

tempestades que me esgotam

recolhe os restos de mim,

manda-me pelo correio.

junta a saliva pouca daquelas respirações

ofegantes, os olhos reviravam e quase vinha a tona

o desejo de reduzir a pó

para que fosse – sobretudo –

inspirado num gole de espuma. Jeito de amantes, tínhamos.

recolhe os restos, os gestos, os trapos, os fiascos,

os ridículos bilhetes, o sumo que inundou os lençóis

: manda-me pelo correio.


* Penélope Martins




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