"Ora, a alegria, este pavão vermelho,
está morando em meu quintal agora.
Vem pousar como um sol em meu joelho
quando é estridente em meu quintal a aurora.
Clarim de lacre, este pavão vermelho
sobrepuja os pavões que estão lá fora.
É uma festa de púrpura. E o assemelho
a uma chama do lábaro da aurora.
É o próprio doge a se mirar no espelho.
E a cor vermelha chega a ser sonora
neste pavão pomposo e de chavelho.
Pavões lilases possuí outrora.
Depois que amei este pavão vermelho,
os meus outros pavões foram-se embora."
Sosígenes Costa (1901 - 1968)
Natural
de Belmonte (Brasil), o poeta baiano Sosígenes Costa nasceu em 1901 e se radicou em Ilhéus,
onde se tornou redator do Diário da Tarde, além de desenvolver um olhar
peculiar sobre a colonização e o império do cacau.
Sosígenes
integrou o modernismo junto com Jorge Amado e outros nomes, sua poesia
foi reunida integralmente pelo grande poeta José Paulo Paes e publicada
em 1978. O poema "O pavão vermelho" ilustra o livro 'POESIA' do
Professor da Universidade de São Paulo, Massaud Moyses.
* escolhido por Penélope Martins
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