domingo, 29 de junho de 2014

Somos metáforas em andamento

"Quase sempre, nos pequenos assuntos, sem aparente relevo, está mais ou menos escondido o modo como nos damos aos outros ou reagimos perante a adversidade. Somos metáforas em andamento (...)

Os meus filhos sabem que me indigno com o conformismo. Mas também sabem que detesto quando oiço que há um tempo para tudo. Talvez haja, não sei. Mas admiti-lo é renunciar ao Tudo e, se o fizermos, quando o fazemos, admitimos que morremos para os dias em que todas as possibilidades estavam ao alcance. Existe um tempo para o desejo. Um tempo para o apaziguamento. Existe uma vida para nos oferecermos ao mundo. E outra para mergulharmos nas auto-estradas do que somos. Não o penso, menos o sinto. Porque viver é uma soma de umas coisas com as outras, mergulhar e vir à tona, inspirar e expirar, amar com desejo e acalmia, construir e destruir. Há um tempo, sem dúvida. Mas é este que vivo. Neste todas as coisas nos são possíveis. Darmo-nos aos outros e a nós mesmos. Desejar quem nos tranquiliza. Até ao último sopro dos dias, o que será mais curto do que todos os outros. Inevitavelmente."

Excerto da crónica de Luís Osório, 
no Semanário Sol: "Sem dignidade tudo é fome e miséria"
12-02-2014

Jeanne Renaud and Francoise Sullivan dancing Dualite, 1948

1 comentário:

  1. Muito bonito :') Concordo com tudo principalmente com a primeira frase é mesmo nos pequenos detalhes que as pessoas se mostram como são...

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