Porque Mãe rima com poesia
“(…) elas são as Mães.
(…) Provavelmente estão aí desde a primeira
estrela. E como duram! Feitas de urze ressequida, parecem imortais. Se o não
forem, são pelo menos incorruptíveis, como se participassem da natureza do
fogo. Com mãos friáveis teceram a rede dos nossos sonhos, alimentaram-nos com a
luz coada pela obscuridade dos seus lenços. Às vezes encostam-se à cal dos
muros a ver passar os dias, roendo uma côdea ou fazendo uns carapins para o último dos netos, as
entranhas abertas nas palavras que vão trocando entre si; outras vezes caminham
por quelhas e quelhas de pedra solta, batem a um postigo, pedem lume, umas
pedrinhas de sal, agradecem pela alma de quem lá têm, voltam ao calor animal da
casa, aquecem um migalho de café, regam as sardinheiras, depois de varrerem o
terreiro. Elas são as Mães, essas mulheres que Goethe pensa estarem fora do
tempo e do espaço, anteriores ao Céu e ao Inferno, assim velhas, assim
terrosas, os olhos perdidos e vazios, ou vivos como brasas assopradas.
Solitárias ou inumeráveis, aí as tens na tua frente, graves, caladas, quase
solenes na sua imobilidade, esquecidas de que foram o primeiro orvalho do
homem, a primeira luz.”
Excerto do texto de Eugénio de Andrade, As Mães
Ackvile Magicdust, Skin
E com magia:
Gosto da minha mãe porque ela é linda, também é fofa, é quentinha.
Gosto da minha mãe porque fazemos gargalhadas, jogamos à bola e
a mãe dá-me beijinhos e gostamos dos abraços um do outro.
Gosto da minha mãe porque a minha mãe compra-me histórias e traz
para minha casa muitas histórias.
Gosto da minha mãe porque a mãe é minha amiga, brinca comigo,
corre comigo, lavamos os dentes juntas e ficamos nas mesmas cadeiras.
Gosto da minha mãe porque é a minha mãe.
(Respostas de crianças de 5 anos)
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