quinta-feira, 8 de maio de 2014

«Para onde vão os guarda-chuvas» recebe prémio SPA

foto divulgada no perfil do autor no facebook

Hoje, pelas 18h00, a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) vai fazer a entrega dos 22 «Prémios Autores 2014», entre os quais está o figueirense Afonso Cruz, numa cerimónia que terá lugar na Câmara Municipal de Lisboa.
Os atores João Perry, no teatro, e Gonçalo Waddington, no cinema, o dramaturgo Abel Neves, os músicos Samuel Úria e David Santos, Noiserv, e o compositor António Pinho Vargas estão entre os 22 vencedores do Prémio Autores, que contemplam diferentes áreas e disciplinas e constituem "um estímulo para que a criatividade dos autores portugueses, mesmo neste ciclo de adversidade e privação, não abrande", lê-se num comunicado da SPA.


O prémio «Melhor Livro de Ficção Narrativa» vai para a obra «Para onde vão os guarda-chuvas», de Afonso Cruz - Edições Alfaguara.

Sinopse

O pano de fundo deste romance é um Oriente efabulado, baseado no que pensamos que foi o seu passado e acreditamos ser o seu presente, com tudo o que esse Oriente tem de mágico, de diferente e de perverso.
Conta a história de um homem que ambiciona ser invisível, de uma criança que gostaria de voar como um avião, de uma mulher que quer casar com um homem de olhos azuis, de um poeta profundamente mudo, de um general russo que é uma espécie de galo de luta, de uma mulher cujos cabelos fogem de uma gaiola, de um indiano apaixonado e de um rapaz que tem o universo inteiro dentro da boca.
Um magnífico romance que abre com uma história ilustrada para crianças que já não acreditam no Pai Natal e se desdobra numa sublime tapeçaria de vidas, tecida com os fios e as cores das coisas que encontramos, perdemos e esperamos reencontrar.
Entre os 5.000 exemplares da primeira edição, existem 2 que são completamente diferentes: um é a versão diurna do romance, outro a sua versão nocturna. Os leitores estão convidados a descobrir se o seu exemplar é um dos livros especiais.

Excerto

– A minha mãe, Sr. Elahi, interrogava-se para onde vão os guarda-chuvas. Sempre que ela saía à rua, perdia um. E durante toda a sua vida nunca encontrou nenhum. Para onde iriam os guarda-chuvas?
Eu ouvia-a interrogar-se tantas vezes, que aquele mistério, tão insondável, teria de ser explicado. Quando era jovem pensei que haveria um país, talvez um monte sagrado, para onde iam os guarda-chuvas todos. E os pares perdidos de meias e de luvas. E a nossa infância e os nossos antepassados. E também os brinquedos de lata com que brincávamos.
E os nossos amigos que desapareceram debaixo das bombas. Haveriam de estar todos num país distante, cheio de objectos perdidos. Então, nessa altura da minha vida, era ainda um adolescente, decidi ser padre. Precisava de saber para onde vão os guarda-chuvas.
– E já sabe? – perguntou Fazal Elahi.
– Não faço a mais pequena ideia, mas tenho fé de encontrar um dia a minha mãe, cheia de guarda-chuvas à sua volta.

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