sábado, 24 de maio de 2014

Haiku

"O mundo
tornou-se
uma cerejeira em flor"*
Ryôkan

 *Poema Haiku: é uma forma poética de origem japonesa.



Haiku, palavra viva situada no interior da própria vida.

(...) um poema deve revelar num mesmo movimento o imutável, o infinito, a eternidade que nos escapa e o efémero da matéria de que tudo é feito. É, assim, um momento sublime da existência que se revela num haiku. Este é um momento único, tão brilhante e rápido como um relâmpago.

Nasce no interior do silêncio e é para o silêncio que tende. 

O haiku tem uma duração vital, ele deve ser pronunciado no tempo de uma respiração. A vida e o mundo respiram, o poeta respira em consonância. E este sopro que sobressalta a consciência é o próprio poema. Por isso não é, não pode ser discursivo. É um instante que não tem prolongamento. Uma forma à velocidade da luz.

No entanto, ainda que extraordinariamente visual, é uma forma de dizer o silêncio de fundo que atravessa as coisas e os seres do mundo. Retirada do silêncio primordial pela palavra que o nomeia, a realidade estremece, e é este movimento infinito que o poeta pretende alcançar e nele se instalar. Os conteúdos serão os da tradição da alma japonesa.

Em As cigarras vão morrer,
Haiku: uma antologia


Casa do Sul

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