Gonçalo, poeta por defeito, detestou escrever "isto".
Estranho, mas não muito desinteressante.
Passar a limpo a folha da imaginação
e ser capaz de acreditar em todas as
ficções,
mesmo naquelas em que somos levados
a fazer escolhas:
sim ou não?
(Leitor amigo, não leias mais, fica por
aqui.)
Escrever todas as palavras do mundo
(ainda que todas as palavras do mundo
sejam chatas),
e, mesmo assim, duvidar.
Duvidar que nem um danado!
Fechar os olhos: todas as sensações.
Azul, música, amor, medo, angústia,
mentira.
Ter sonhos claros e quentes de sabor a
terra
a
fugir para um amarelo esverdeado.
O céu é imensos pontos indefinidos.
(Janelas do hospital,
do hospital em que nasci acorrentado.)
No dia em que nasci, o mundo permaneceu
igual.
Por que porra iriam os planetas girar ao
contrário?
Agora, bem, talvez umas rimas,
pois isto de ser poeta é cansativo.
Não! Não quero, não posso
Nem me permito!
Amar as coisas belas!
Amar as coisas belas!
As coisas belas!
Coisas Belas!
O resto não importa!
Importa, sim, existir.
Existir com muita força,
com os olhos bem abertos.
Existir no papel.
Leitor amigo, que fazes aqui neste
quarto vazio?
Tudo é ficção!
O resto não existe.
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