quinta-feira, 22 de maio de 2014

Gonçalo Viana de Sousa: o Flâneur das Sensaçõs





"A poesia nem sempre é o caminho, mas, por vezes, os desvios são muito mais saborosos", afirma Gonçalo Viana de Sousa nos seus Apontamentos mefistofélicos.
Afinal, o que somos nós capazes de ver?
No vosso regaço, mais um poema deste nosso Flâneur.



Revejo


Revejo-me e não me revejo
Nessas portas vermelhas que se abrem,
Mas logo se fecham.
Percorro-te com o olhar.
Vejo-me a circular por cima
Do teu corpo, eu e os outros pedestres.
A velocidade com que
Me matas civilização,
Ainda não imprimiu força suficiente.
Impões uma sensação de preenchimento
Que logo se dissipa.
Uma pressão desconfortável.
O vosso choro tem compasso
Musical descompassado
Crio uma base da vida na contradição
Que revejo, revejo.
As conspirações, a história irreal,
Tudo me parece mais claro agora,
Simples distracções da vida.
As ideologias não fazem sentido.
Uma teia sarcástica concebida pelos
Génios do mundo.

Enfado, cansaço.

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