Não enlacemos
as mãos outra vez, meu amor,
Pois o ódio
consome o nosso silêncio,
E nem o céu é
capaz de rasgar
O que o tempo
escreveu.
Somos
Literatura,
E por não
existirmos
Sofremos e
amamos como se fôssemos
Capazes de
viver para sempre.
Sim, um resto de
pó e de água
Nesse teu
rosto filho de peregrinos
Que caminham
em busca da luz.
Como se fosse
possível o teu rosto ser a perfeição.
Por querermos
a perfeição e a imortalidade, falhamos.
Por querermos
a fama e a glória eternas, falhamos.
Por querermos
a riqueza e um altar, falhamos.
E falhamos
porque não sabemos quem somos, nem
Queremos
sabê-lo. A imortalidade não reside no mármore
De uma estátua
ou numa estante de biblioteca.
Falhamos
redondamente. Falhamos miseravelmente,
Como pó e
esquecimento que somos.
Por existir
nas palavras sofro enquanto verbo
Transitivo ou
metáfora, nada mais. Langue et Parole.
Ser escrita é
ser esquecimento. Tudo o resto existe.
Tudo o resto
não existe.
Escrever é
mentir com as mãos.
Amar é enganar
com a vida.
Viver é escrever
e mentir e amar, e no fim da linha,
Deixar de
amar, deixar de ser.
Enfastio-me
com as gradações progressivas e com a simbologia dos números.
Por ter tantas
ideias e sistemas e histórias e textos e
Músicas e
paisagens e medo e silêncio em mim, não consigo escrever
Prodigiosamente,
como os clássicos.
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