Matilde Campilho nasceu em Lisboa em 1982. No ano de 2010 foi viver para o Brasil, e desde então mora entre o Rio de Janeiro e Lisboa. Publicou poemas nos jornais brasileiros A Folha de São Paulo e O Globo, assim como em algumas revistas online.
Jóquei é o seu primeiro livro.
ATÉ AS RUÍNAS PODEMOS
AMAR NESTE LUGAR
AMAR NESTE LUGAR
que costumava celebrar a chuva no verão
Não ligava quase nada para as conspirações
que recorrentemente se faziam ouvir
debaixo das arcadas noturnas da cidade
naquela época do intermezzo lunar
Foi já depois do fascismo, um pouco antes
da democracia enfaixada em magnólias
O cantor, as arcadas, o perfume e os disparos
me ensinaram que se deve aproveitar a época
de transição para destrinçar o brilho
As revoluções sempre foram o lugar certo
para a descoberta do sossego:
talvez porque nenhuma casa é segura
talvez porque nenhum corpo é seguro
ou talvez porque depois de encarar uma arma
finalmente possa ser possível entender
as múltiplas possibilidades de uma arma.
AVARANDADO
Quarta nota para
a manhã infinita:
Afinal o grande amor
Não garante nada mais
Do que as 12 graças
Desdobradas pelos
Corredores do mundo
Agora isso é mais
Do que suficiente
E apesar dos bofetões
Do tempo invertido
Apesar das visitas
Breves do pavor
A beleza é tudo
O que permanece.
Este livro é qualquer coisa de espectacular. Poesia sem pretensão. Gosto muito.
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