Quem leu o "Breviário das Más Inclinações", do José Riço Direitinho?
Eu li - ainda nos idos de 1998, logo após a sua publicação - e adorei esta que foi obra finalista do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e depois Prémio Eça de Queiroz, assinado pelo então jovem engenheiro agrónomo, da minha idade.
Não me surpreende, por isso, que o realizador Fonseca e Costa e a produtora Ukbar se tenham interessado pelo livro que conta a romanceada vida e morte de José de Risso e os seus dez capítulos de más inclinações - a grande notícia do dia, revelada hoje pelo próprio escritor na sua página do Facebook.
"O
realizador achou que aquilo dava uma grande história, pelo que estamos a
trabalhar no argumento e a produtora vai concorrer ao ICA [Instituto do Cinema e do Audiovisual] agora no fim
de Maio. Se for aprovado, vai para a frente. As filmagens terão de ser
em Trás-os-Montes e talvez Espanha. De resto, não há mais nada que possa adiantar", adiantou-me Riço Direitinho esta tarde.
Publicado primeiro pela Asa e pelo Círculo de Leitores e reeditado em 2011 pela Quetzal, "Breviário das Más Inclinações" começa assim: "Depois de se ter deitado com um homem, lavava-se sempre numa infusão de
folhas de arruda, apanhadas ao luar, e bebia tisanas com sementes de
funcho e de sargacinha-dos-montes, para que as regras não lhe faltassem.
De maneira que nos dois meses seguintes à noite em que encontrou na
eira uma maçaroca de milho-rei, não acreditou que estivesse grávida, mas
que a ausência de sangue se devesse a qualquer desarranjo, ou a ter
olhado para dentro do forno enquanto o pão crescia."
Mas a rapariga estava mesmo
grávida, e José de Risso acabaria por nascer com um sinal vermelho no meio das costas, em forma de folha de carvalho, começando logo por causar a morte da própria mãe. Já estão entusiasmados para ler o livro - enquanto não chega o filme?
Ana Almeida
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