terça-feira, 15 de abril de 2014

É do borogodó: o menino

lá vai meu menino
entre cascalhos a marulhar choro tímido.
sofro por ele essa dor de seguir ferido,
as asas cortadas sem alcançar
dois palmos do chão.
olha lá, ele se magoa nas pedras
olha como lhe brota visgo de sangue
olha em mim como ele me faz morrer.
ai, se ele  voltasse a me beijar o umbigo,
ai, se ele viesse morar aqui dentro
e se nós dois pudéssemos esquecer do tempo
em que o tempo era de nós roubado.

Penélope Martins

 

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