sexta-feira, 21 de março de 2014

«Os meus sentimentos» - vamos ler?


Sinopse:

É uma noite de temporal. A noite do acidente. Há uma gota de água suspensa num estilhaço de vidro que teima em não cair. Há um instante que se eterniza.
Reflectida na gota, Violeta mergulha nessa eternidade e recorda o que pode ter sido o último dia da sua vida, e nesse dia, toda a vida, e nessa vida, os pais, a filha, a criada, o bastardo, e em todos, a urgência da vida que prossegue indiferente como a estrada de onde ainda agora se despistou. Nessa posição instável, de cabeça para baixo, presa pelo cinto de segurança, parece que tudo se desamarra. O presente perde a opacidade com que o quotidiano o resguarda e Violeta afunda-se nos passados de que é feita, uma espiral alucinada de transparências e ecos.


Violeta vira uma esquina (ou será uma página?) e a revolução de Abril irrompe, empunhando a raiva do bastardo. Abre uma porta (talvez um parágrafo) da casa vazia e a mãe chama por ela enquanto o pai enlouquece lá fora, no quintal. Um homem afoga o desejo no corpo dela (vírgula, de certeza) e a menina dos patins desliza à frente da filha que perde a vida como caixa de hipermercado. A criada, como sempre, está calada (ponto final).

Para onde foi o futuro?


Quando saiu, nesta mesma colecção, o primeiro romance de Dulce Maria Cardoso – Campo de Sangue, que obteve o Prémio Acontece e está já em curso de publicação no Brasil, em Espanha e em França – foram muitos (os mais atentos) que assinalaram a emergência de uma “voz” diferente, alheia às modas em moda e senhora de um discurso narrativo completamente original. Não se enganaram, esses. Com Os Meus Sentimentos, Dulce Maria Cardoso confirma a sua posição de vanguarda no panorama da nova ficção portuguesa.

*a leitura deste romance será conduzida pelo Clube do Livro SESLA. 

Sem comentários:

Enviar um comentário