19 invernos
Vi paraísos e infernos,
Lugares desabitados e artificiais, modernos
Conheci caras e rabos , deuses e diabos,
Generais e cabos, patrões e escravos
Calados, explorados, sem os seus ordenados pagos,
Cresci, evolui, aprendi que não vivo sem quem amo
Sou a haste partida de um ramo
Que floresce numa era dramática,
Em que a tática supera a teoria na prática.
É triste mas ris-te. Já viste?
Eu falho, tu falhas,
Erro, corto, noto e ao mesmo não volto.
Voto. Vota, boneco de corda,
Aborda o que te rodeia.
A moda incomoda o modo como eu estou!
Estou bem. Não mudo o que sou.
Sei que tudo sou para não ser ninguém.
Sou um alguém tranquilo, que vê para além daquilo
Que a sabedoria contém.
Ontem fui, hoje sou, amanhã serei.
Não sei quem, mas sei o presente que tenho pela frente.
Serei sempre eu e não alguém que imagino,
Para que não ande às voltas sem um rumo certo
Para o meu destino.
Sou um protetor da paz através do raciocínio
Num país em declínio, em que as massas são
Atraídas pelo fascínio.
Que seja feito o extermínio de cabeças ocas
No domínio.
Estou cansado mas inconformado. Não paro
Nem amuo, continuo.
Sou criança com esperança de vencer
Que não se cansa de lutar ferozmente, dia e noite pela mudança,
Sem receio de perder.
Eu, o agasalho do nada, a sombra do meu ser,
A sede inventada do meu poema a crescer.
A minha escrita é a capa de quem veste a nua realidade.
Trago a verdade, como quem pinta na rua com força de vontade.
Não tenho o mundo na mão,
Tenha a menos ou a mais, o meu erro é o meu cais.
Nunca é demais, para mim, responder sim a cada senão.
Se uma porta de fecha, da mesma maneira se abre.
Eis a palavra-chave
POESIA,
o alto império,
Pensamento em elevação do argumento mais sério.
Quando o sonho é grande e o erro enorme,
A ambição ganha fome, a angústia não some,
A autoestima não come e o pensamento mal dorme.
Há sempre uma forma não esperes que do nada se forme
Recupera o que perdeste. Tudo se transforma.
*Ismael Sério
Sem comentários:
Enviar um comentário