sexta-feira, 14 de março de 2014

Ismael Sério: «19 invernos»

Ismael Sério, 19 anos, escreve desde os 12 sem que nunca ninguém tivesse reparado.

19 invernos
Vi paraísos e infernos, Lugares desabitados e artificiais, modernos Conheci caras e rabos , deuses e diabos, Generais e cabos, patrões e escravos Calados, explorados, sem os seus ordenados pagos, Cresci, evolui, aprendi que não vivo sem quem amo Sou a haste partida de um ramo Que floresce numa era dramática, Em que a tática supera a teoria na prática. É triste mas ris-te. Já viste? Eu falho, tu falhas, Erro, corto, noto e ao mesmo não volto. Voto. Vota, boneco de corda, Aborda o que te rodeia. A moda incomoda o modo como eu estou! Estou bem. Não mudo o que sou. Sei que tudo sou para não ser ninguém. Sou um alguém tranquilo, que vê para além daquilo Que a sabedoria contém. Ontem fui, hoje sou, amanhã serei. Não sei quem, mas sei o presente que tenho pela frente. Serei sempre eu e não alguém que imagino, Para que não ande às voltas sem um rumo certo Para o meu destino. Sou um protetor da paz através do raciocínio Num país em declínio, em que as massas são Atraídas pelo fascínio. Que seja feito o extermínio de cabeças ocas No domínio. Estou cansado mas inconformado. Não paro Nem amuo, continuo. Sou criança com esperança de vencer Que não se cansa de lutar ferozmente, dia e noite pela mudança, Sem receio de perder. Eu, o agasalho do nada, a sombra do meu ser, A sede inventada do meu poema a crescer. A minha escrita é a capa de quem veste a nua realidade. Trago a verdade, como quem pinta na rua com força de vontade. Não tenho o mundo na mão, Tenha a menos ou a mais, o meu erro é o meu cais. Nunca é demais, para mim, responder sim a cada senão. Se uma porta de fecha, da mesma maneira se abre. Eis a palavra-chave POESIA, o alto império, Pensamento em elevação do argumento mais sério. Quando o sonho é grande e o erro enorme, A ambição ganha fome, a angústia não some, A autoestima não come e o pensamento mal dorme. Há sempre uma forma não esperes que do nada se forme Recupera o que perdeste. Tudo se transforma.
*Ismael Sério
foto: http://www.estufa.pt/

Agradecimento a Vanda Fino, pela partilha do poema.

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