terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

José Agostinho Baptista pela tarde

Nos tímpanos,
como um acorde desmedido, 
a cava respiração dos desertos assola-te.
Contorces-te, quando me aproximo,
e benditos são os frutos do teu ventre, no oásis onde
amadurecem.
Mas não temos tempo.
Envelhecemos,
vamos e voltamos,
e ao irmos e virmos, somos a errância dos pés, entregues
à sua mecânica,
indiferentes aos pesares,
desfalecendo, retomando a marcha,
a estrada tantas vezes percorrida por uns olhos abertos
que já não vêem,
tão habituados a reter nas suas órbitas as paisagens do
desalento.








in "Caminharei pelo Vale da Sombra"

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