Foge
foge comigo esta manhã.
o frio sobe da terra,
o orvalho cai das folhas,
os pardais cantam
e banham-se nas poças de água.
tomamos café na padaria da esquina,
compramos o jornal,
apanhamos o metro
e a seguir o comboio.
vamos sem destino,
temos o dia inteiro para nós
e uma vida à nossa frente.
ou então
foge comigo esta tarde.
fumamos um cigarro depois do almoço,
estendemo-nos no relvado
e sentimos o sol tímido que espreita por entre as nuvens.
abrimos uma garrafa de vinho
e brindamos ao amor.
ao nosso e ao dos outros,
ao amor em geral.
depois vamos para o rio atirar pedras.
por fim, rimo-nos dos engravatados carrancudos
que entram nos carros
e só chegam a casa dentro de uma hora.
não!
fugimos de noite.
quando todas as persianas e portas estão fechadas,
quando a luz mais forte é a dos candeeiros
e temos a lua para nós.
já bêbados,
deambulamos por aí e
dizemos segredos um ao outro.
adormecemos agarrados num só.
sonhamos que isto não vai ter fim,
nem mesmo com a morte.
foge comigo, mas foge hoje.
foge...
que eu amanhã já me vou.
Rodrigo Ferrão
Foto: Rodrigo Ferrão
Amei
ResponderEliminarRodrigo, voltei.
ResponderEliminarTeu poema me inspirou este aqui :::
http://avidanumagoa.blogspot.com.br/2014/02/ja-nao-precisas-levantar-os-pes.html
A vida numa Goa: Que curioso e bonito ter inspirado um poema teu. Obrigado pelas palavras.
ResponderEliminarA poesia se alimenta da poesia, né?
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