terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

É do borogodó: coma tu-do

reaproveite os nossos restos para dizer
que fizemos poesia naqueles dias em que vivíamos
sob um teto esfarelado de papel. apanhe sua agulha para costurar
as sobras do amor que lhe faltou. coma tudo. coma tu-do.
deite numa esteira de palha para digerir nossas mazelas, mas projete
na parede oca minha farta descompostura serpenteando múltiplos gozos.
faça de mim algo sublime de tão inútil. feche os olhos e sonhe
a linha da tua vida na palma de uma mão estendida por trocados.  
a escuridão de nossa memória resistirá. a solidão que nos habita resistirá.
nossos punhos marcados pelas palavras ditas.
nossos pés acorrentados em geleiras.

* poema de Penélope Martins dito por Alexandre Honrado

* PARA ASSISTIR AO VIDEO SIGA O LINK
http://www.youtube.com/watch?v=eHCqwgUxGkw

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