quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Memória para um império do futuro... a futurologia de Asimov


Em 1964, durante a Feira Mundial de Nova York, o New York Times convidou o escritor de ficção científica e professor de bioquímica Isaac Asimov a fazer previsões de como seria o mundo 50 anos depois, ou seja, este ano. Asimov escreveu mais de 500 trabalhos, entre romances, contos, teses e artigos e sempre se caracterizou por fazer projeções assertivas sobre o futuro. As previsões do escritor, que morreu em 1991, são surpreendentes.

O artigo do Times e o pormenor das previsões foram temas de vários textos publicados posteriormente e de várias discussões. Vamos lá passar os olhos pelas temáticas.

Cozinha

Asimov prevê que os equipamentos de culinária pouparão a humanidade de fazer trabalhos tediosos. “As cozinhas estão equipadas para fazer “auto-refeições”. “Almoços e jantares serão feitos com comidas semi-preparadas, que poderão ser conservadas no frio. Em 2014, as cozinhas terão equipamentos capazes de preparar uma refeição individual em alguns poucos segundos”.  Só lhe faltou mesmo usar a palavra “microondas” ou a mais recente "Bimby".

Computadores

O escritor previu um mundo repleto de computadores capazes de fazer as mais complexas tarefas. “Em 2014,  haverá mini computadores instalados em robôs”, escreve ele, no que parece ser uma alusão aos chips. E garantiu que será possível fazer traduções com uma dessas máquinas, como se previsse a existência do Google Translator (hahaha).

Comunicação

As ligações telefônicas terão imagem e voz, garantiu Asimov em seu texto. “Os ecrãs serão usados não apenas para ver pessoas, mas também para estudar documentos e fotos e ler livros”. E prevê que satélites em órbita tornarão possível fazer conexões telefônicas para qualquer lugar da Terra e até mesmo “saber o clima na Antártica”. Mas em Terra haverá outras soluções. “A conexão terá que ser feita em tubos de plástico, para evitar a interferência atmosférica”, escreve ele, como se já conhecesse a fibra ótica. Lá se ia o Gato Fedorento e o seu MEO, que o Asimov tinha muito mais pinta para publicidade.

Cinema

Asimov previu que em 2014 o cinema seria apresentando em 3D, mas garantiu que algumas coisas nunca mudariam: “Continuarão a existir filas de três horas para ver o filme”. Ah... mal ele sonhava com o terror das pipocas e dos nachos!

Energia

Ele previu que já existiriam algumas usinas experimentais a produzir energia com a fusão nuclear. Errou. Mas acertou quando vaticinou a existência de baterias recarregáveis para alimentar muitos aparelhos elétricos da nossa vida cotidiana. Mais ainda: “Uma vez usadas, as baterias só poderão ser recolhidas por agentes autorizados pelos fabricantes” — o que deveria acontecer, mas nem sempre acontece. Asimov e Al Gore na linha da frente das alterações climáticas.

Veículos

Asimov aqui erra em grande nas suas previsões relacionadas com transportes. Ele acreditava que carros e camiões pudessem circular sem se encostarem no chão ou na água, deslizando a uma altura de “um ou dois metros”. E que não haveria necessidade de construir pontes, “já que os carros seriam capazes de circular sobre as águas, mas serão desencorajados a fazer isso pelas autoridades”. E pela Lusoponte, Brisa, EMEL, etc e tal...

Marte

Para o escritor, em 2014 o homem já terá chegado a Marte com naves não tripuladas, embora “já estivesse em plano uma expedição com pessoas e até a formação de uma colónia marciana”. O que nos faz lembrar da proposta pública de uma viagem a Marte só de ida, feita recentemente, para formar a primeira colónia no planeta. Até porque o carrinho de expedição já se deve estar a sentir sozinho. Não viram o Wall-E?

Televisão

Asimov cita a provável existência de “televisões de parede”, como se pudesse prever os plasmas, mas acredita que os aparelhos serão substituídos por cubos capazes de fazer transmissões em 3D, visíveis de qualquer ângulo. Quase, quase lá nos ecrãs de micro cristais.

População

O escritor previu que a população mundial seria de 6,5 bilhões em 2014 (já passou dos 7 bilhões) e que áreas desérticas e geladas seriam ocupadas por cidades — o que não é exatamente errado. Mas preconizou, também, a má divisão da riqueza: “Uma grande parte da humanidade não terá acesso à tecnologia existente e, embora melhor do que hoje, estará muito desfasada em relação às populações mais privilegiados do mundo. Nesse sentido, andaremos para trás”, escreve ele. Bang! Na mouche!

Comida

“Em 2014 será comum a "carne falsa", feita com vegetais, e que não será necessariamente má, mas haverá muita resistência a essa inovação”, escreve Asimov, referindo-se provavelmente aos hambúrgueres de soja.

Expectativa de vida

O escritor preconizou problemas devido à super população do planeta, atribuindo-a aos avanços da medicina: “O uso de aparelhos capazes de substituir o coração e outros órgãos vai elevar a expectativa de vida, em algumas partes do planeta, a 85 anos de idade”. A média mundial subiu de 52 anos em 1964 para 70 anos em 2012. Em alguns países, como Japão, Suíça e Austrália, já está em 82 anos.

Escola

“As escolas do futuro”, escreve Asimov, “apresentarão aulas em circuitos fechados de TV e todos os alunos aprenderão os fundamentos da tecnologia dos computadores”. Porreiro pá! Magalhães para a criançada toda.

Trabalho

Asimov previu uma população entediada, como sinal de uma doença que “se alastra a cada ano, aumentando de intensidade, o que terá consequência mentais, emocionais e sociais”. Depressão?  “Ouso dizer”, prossegue ele, “que a psiquiatria será a especialidade médica mais importante em 2014. Aqueles poucos que puderem se envolver em trabalhos mais criativos formarão a elite da humanidade”. LOLOLOL ya olha para mim aqui entediado no desemprego a tentar ser criativo... ups! Queres ver que ele já batia punho no empreendedorismo antes do Miguelito das pipocas?

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