terça-feira, 14 de janeiro de 2014

ALA ... que é poesia VI

Preciso de cor. Há dias assim, mesmo para mim, que me comovo por pouco. 

E neste percurso de recolha dos poemas espalhados de António Lobo Antunes, escolho "Branco", a junção de todas as cores do espectro. Aqui, mais uma vez, cantado por Vitorino no disco "Eu Que Me Comovo Por Tudo e Por Nada", de 1992.

Ouçam-no comigo. 


Ana Almeida


Branco

Branco como o sol
Branco como o mar
Branco como a ruga
De um remo a boiar
Branco como a sombra
Que à noite projecto
Branco com a linha
Dos fios do tecto
Branco como a língua
O leite a loucura
Os olhos da tarde
Como a arquitetura
Das estátuas gregas
Da areia do tempo
Das nuvens imóveis
E do movimento
Meu eu sem tu
Meu tu sem ninguém
Meu ninguém de sombra
Meu perfil de nada
Meu sem sem sem
Minha madrugada
Perdida esquecida
Achada encontrada
Branca como o sol
Branca como o mar
Branca como um tiro
E nada a sobrar

António Lobo Antunes

PARA VER O VIDEO SIGA O LINK
http://www.youtube.com/watch?v=3fspFSjIAao

Sem comentários:

Enviar um comentário