terça-feira, 24 de dezembro de 2013

É do borogodó: heras, o poema desta Consoada

heras

no canto da boca escorrem
línguas macias se mordem
em noites longas
esfregam-se
voluptuosas palavras
de carne morna

:

cócegas no céu 
fulguras de precipício
mantos suaves
encanto de víboras 
gotas de paixão
e as pontas dos dedos
tamborilar
infindo na cabeceira
o aroma de alfazema
e uma nota alta
moreno, cravo,
ao pecado do açúcar


- contaminam-se pescoços eriçados
corpos compostos
raminhos de ervas estendidas 
na justa trama de substantivos 
abraços apertados
por toda parte
vagueiam almas, adjetivos se devoram,
olhos reviram, imploram todos os verbos
transbordam,
transbordam…


na saboneteira 
uma poça azulzinha
alimenta
sílaba por sílaba
trova ofegante
vacila que vacila
a língua
na língua
multiplicando cordões de heras


*Acompanhe tudo em: http://azeiteealecrim.wordpress.com/ 

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