Morreu Nelson
Mandela. Não há palavras. Só olhares líquidos. Fica o exemplo.
Esta a minha
reacção primeira.
Eu sem capacidade
de reacção, depois das palavras do presidente sul-africano Jacob Zuma na
televisão: Apesar de sabermos que este dia chegaria, nada pode diminuir o sentimento
de profunda perda, o presidente solene, a mais informar que o ex-presidente
terá um funeral de Estado.
O que mais me
impressionava, impressiona!, em Mandela, era a alegria, o sorriso constante.
O improvável sorriso
atendendo à sua história, que se confunde com a História.
Mandela, Madiba!, é de todos, mesmo desta transmontana (e
aposto que não saberia apontar Trás-os-Montes num mapa) que nasceu 56 anos
depois.
Madiba é de todos pela sua omnipotente capacidade
de nos fazer sonhar, acreditar que é possível, fazer o gesto para um mundo
melhor.
Assim o fim do apartheid, e depois a democracia, provavelmente o
mais defeituoso e o melhor dos regimes.
E se todos
queremos um mundo melhor, porque é que o mundo não é melhor?
Não sei responder.
Ou sei! Porque
vivo num país, numa Europa, num mundo e num tempo que explica o que está a
acontecer.
Porque o apartheid, não se resume a branco e negro, há toda
uma paleta de cinzentos a que é preciso dar cor, esclarecer.
Porque o momento actual
é também de resistência, de intransigência, de terrorismo sobre o terrorismo,
seja racial, de género, económico, social, militar, de revolução, de
preferência sem perder o sorriso.
Que não nos falte,
que não nos levem, nos façam perder, a capacidade de sorrir.
A winner is a dreamer who never gives up, diz que
disse.
Assim nós num
tempo, em que, talvez como nunca antes, a precisar de pessoas exemplares.
E morreu-nos um
exemplo.
Os exemplos nunca
morrem.
E defeitos, também
os teria, porque humano, mas não tive o privilégio de lhos conhecer.
Defeitos, talvez
as camisas, um excesso de cor, de padrões, os botões dentro das casas até ao
colarinho, e apenas tecido, embrulho, não pele.
E assim o dia
acabou triste, com um país inteiro a dançar em sua memória, os pés em compasso,
a bater no chão, num continente que estranhamente tem a forma de um coração.
A minha small SONG para Nelson Mandela.
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