domingo, 8 de dezembro de 2013

Adeus ao sorriso... de Nelson Mandela

Morreu Nelson Mandela. Não há palavras. Só olhares líquidos. Fica o exemplo.

Esta a minha reacção primeira.
Eu sem capacidade de reacção, depois das palavras do presidente sul-africano Jacob Zuma na televisão: Apesar de sabermos que este dia chegaria, nada pode diminuir o sentimento de profunda perda, o presidente solene, a mais informar que o ex-presidente terá um funeral de Estado.
O que mais me impressionava, impressiona!, em Mandela, era a alegria, o sorriso constante.
O improvável sorriso atendendo à sua história, que se confunde com a História.
Mandela, Madiba!, é de todos, mesmo desta transmontana (e aposto que não saberia apontar Trás-os-Montes num mapa) que nasceu 56 anos depois.
Madiba é de todos pela sua omnipotente capacidade de nos fazer sonhar, acreditar que é possível, fazer o gesto para um mundo melhor.
Assim o fim do apartheid, e depois a democracia, provavelmente o mais defeituoso e o melhor dos regimes.
E se todos queremos um mundo melhor, porque é que o mundo não é melhor?
Não sei responder.
Ou sei! Porque vivo num país, numa Europa, num mundo e num tempo que explica o que está a acontecer.
Porque o apartheid, não se resume a branco e negro, há toda uma paleta de cinzentos a que é preciso dar cor, esclarecer.
Porque o momento actual é também de resistência, de intransigência, de terrorismo sobre o terrorismo, seja racial, de género, económico, social, militar, de revolução, de preferência sem perder o sorriso.
Que não nos falte, que não nos levem, nos façam perder, a capacidade de sorrir.
A winner is a dreamer who never gives up, diz que disse.
Assim nós num tempo, em que, talvez como nunca antes, a precisar de pessoas exemplares.
E morreu-nos um exemplo.
Os exemplos nunca morrem.
E defeitos, também os teria, porque humano, mas não tive o privilégio de lhos conhecer.
Defeitos, talvez as camisas, um excesso de cor, de padrões, os botões dentro das casas até ao colarinho, e apenas tecido, embrulho, não pele.

E assim o dia acabou triste, com um país inteiro a dançar em sua memória, os pés em compasso, a bater no chão, num continente que estranhamente tem a forma de um coração.



A minha small SONG para Nelson Mandela.

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