domingo, 17 de novembro de 2013

Doris Lessing 1919-2013

“Ideally, what should be said to every child, repeatedly, throughout his or her school life is something like this: 'You are in the process of being indoctrinated. We have not yet evolved a system of education that is not a system of indoctrination. We are sorry, but it is the best we can do. What you are being taught here is an amalgam of current prejudice and the choices of this particular culture. The slightest look at history will show how impermanent these must be. You are being taught by people who have been able to accommodate themselves to a regime of thought laid down by their predecessors. It is a self-perpetuating system. Those of you who are more robust and individual than others will be encouraged to leave and find ways of educating yourself — educating your own judgements. Those that stay must remember, always, and all the time, that they are being moulded and patterned to fit into the narrow and particular needs of this particular society.”

― Doris Lessing, The Golden Notebook


Avança o Jornal Expresso:

A escritora britânica Doris Lessing, prémio Nobel da Literatura em 2007, morreu aos 94 anos de idade, divulgou hoje o agente da autora, Jonathan Clowes, citado pelas agências internacionais.

Nascida a 22 de outubro de 1919 em Kermanshah na Pérsia, atualmente Irão, Doris Lessing é autora de uma obra vasta e diversificada com cerca de 50 títulos.

Ficou conhecida pela sua militância de esquerda, mas também pelas suas posições anti-apartheid, anti-colonialistas e feministas.
"Ela partiu na paz da sua casa em Londres esta manhã", afirmou o agente e amigo da escritora.

"Ela era uma escritora maravilhosa, com um espírito fascinante e original. Foi um privilégio trabalhar com ela e ela vai fazer muita falta", acrescentou Jonathan Clowes.

Em 2007, Doris Lessing, então com 87 anos, foi reconhecida com o Nobel da Literatura, tendo sido a mulher mais velha de sempre a receber tal galardão.

Na altura, a escritora foi descrita pela academia Nobel como "um exemplar de experiência feminina que, com ceticismo, fogo e poder visionário, sujeitou uma civilização dividida ao escrutínio".

O Jornal Público também faz eco da notícia:

Boa parte da ficção de Lessing tem uma forte dimensão autobiográfica, e são muitos os livros que evocam a suas experiências em África, desde as memórias de infância, até às questões sociais e políticas pelas quais se interessou desde muito nova. O modo como os seus romances e contos descrevem as injustiças raciais e expõem os podres da presença colonial britânica em África fizeram com que fosse oficialmente proibida, em 1956, de entrar na Rodésia do Sul. Por essa altura, Lessing também já se desiludira do comunismo.

Da sua vastíssima bibliografia, que lhe valeu, em 2007, o Prémio Nobel da Literatura, podem destacar-se ainda O Verão antes das Trevas (1973), a pentalogia de ficção científica Canopus em Argos (1979-1983) ou A Boa Terrorista (1985), relato perpassado de ironia da vida de uma militante de esquerda, no qual Lessing mostra como a fronteira entre as convicções ideológicas e a prática terrorista pode tornar-se perigosamente delgada. É ainda autora de uma série de notáveis livros sobre gatos, que misturam ficção com textos de vários géneros.

O seu último livro, Alfred & Emily – os nomes próprios dos pais – saiu em 2008 e prosseguia um projecto autobiográfico iniciado com Under My Skin(1994) e Walking in the Shade (1997).

Mesmo antes de receber o Nobel, Lessing já recebera vários prémios, e tentaram mesmo dar-lhe o título de “dama”, ou, por extenso, dama do Império Britânico (dame of the British Empire), honra que recusou, argumentando que não existia qualquer império britânico,

Também não se mostrou particularmente agradecida pelo Nobel. Numa entrevista ao New York Times, em 2008, diz que “os suecos não têm uma grande tradição literária, e por isso tentam aproveitar ao máximo o Nobel”. E ironiza com a declaração do júri, que a considerou uma “épica da experiência feminina”. Afirmando não se rever no retrato, diz que imagina o sueco responsável pela frase a pensar para si próprio: “O que é que raio havemos de dizer desta? Ainda por cima não gosta que lhe chamem feminista. E então escrevinharam aquilo”.

Doris Lessing tinha 88 anos quando recebeu o Nobel da Literatura. O prémio nunca tinha sido atribuído a um escritor tão idoso. “Como não podiam dá-lo a alguém que já tivesse morrido, devem ter achado que era melhor darem-mo logo, antes que eu batesse a bota”, comentaria mais tarde.

Charlye Redmayne, da editora HarperCollins, descreve Lessing como “uma brilhante contadora de histórias com um intelecto feroz e um coração afectuoso e que não tinha medo de lutar por aquilo em que acreditava”.

O escritor sul-africano J.M. Coetzee, que conhece bem o mundo que moldou a obra de Lessing e que a precedeu quatro anos na lista dos prémios Nobel da Literatura, chamou-lhe "uma das maiores romancistas visionárias do nosso tempo".

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